Conforto não combina com o extraordinário
Quando penso no dever de criar um conto, já sei que perdida estará minha zona de conforto. Um conto pede mais que criatividade, pede novidade, surpresa, por mais que saia das mesmas mãos. Me preocupo em variar os perfis de personagens, seus reflexos e perspectivas como norteador das primeiras ideias.
Assim, se no último conto, o cenário era rural, no próximo seria urbano?Se o protagonista era melancólico, um novo pedirá um extrovertido? Fico matutando nestes pormenores… e talvez sair da minha zona de conforto seja pensar em seres mais complexos. Ter que estudá-los antes de dar-lhes vida? Não preocupar com finais felizes?
Que tanto aprendemos ao escrever sobre comportamentos e sentimentos humanos? Quando é que estes cruzam com os nossos? Vale lembrar que o extraordinário nem sempre combina com o belo.
De qualquer forma, manter o impacto, não deixar a vida perder a emoção, suscitar a catarse para que o leitor entenda as nuances sem as banalizar é uma das bases da minha escrita. Pelo menos é o que creio se é que meu pensamento não esteja esbarrando em alguma poesia.