Filho do Casquilho
Não tinha Bartô, nem Ptô: era só Lomeu o nome seu. Viera ali do Casquilho, Casquio na linguagem corrente, daquela gente que se agrupara em torno duma pracinha quadradinha, ponteada por uma nem feia nem bela capela, ali na margem esquerda do São João.
Povoado seria até muito para descrever aquele amontoado de casinhas, o que dá melhor ensejo pra colocar o Casquio no patamar de lugarejo. Com o barro do lugar bom pra cerâmica, potes, panelas e tijelas passaram a ser associados com o lugar e a sua gente, que ia vender sua mercadoria em toda vizinha freguesia
Mas se Lomeu ali nasceu e cresceu, pra outras plagas se moveu: sem a habiliade ou vontade pra amassar e moldar o barro, atravessou o rio e foi fixar domicílio em São Gonçalo do Brumado, lugarzinho mais aprumado, onde a companhia de tecidos
empregava e até o trem passava.
Seus anos bons, deu-os pra `fapa` e pra criar a família, de boa meia dúzia, só meio numerosa, mas muito harmoniosa, ao lado de sua Rosa. Ei-lo agora ali na janela, em fim de tarde em que o sol já pouco arde, a espiar e a caçoar com um ou outro transeunte que perambula sem rumo, a levantar poeira só pra matar a leseira.
Até que, sem drama nem voz melosa, Rosa o chama, evocando uma quimera: a janta, à mesa já o espera.