O Retorno do Peregrino das Palavras
Já fazia algum tempo desde sua última peregrinação. Para ser exato, quatro meses.
O peregrino das palavras esperou pacientemente pela oportunidade de voltar a vagar por esta cidade que ao mesmo tempo que o aclama por suas palavras, também o rejeita por ser considerado fora do padrão ou o considera como louco.
Ainda assim, segue andando por estas ruas registrando tudo o que vê e o que sente nos bravios recônditos de seu coração.
Contudo, não está totalmente solitário. Além de suas eternas companheiras, as palavras, sente também a essência das pessoas que conheceu durante toda a vida. Dos seus irmãos de sangue e companheiros das ruas.
Sente como se estivessem andando a seu lado, seja onde for.
As pessoas não sabem o quanto este peregrino das palavras andou pelas estradas da vida.
Sempre no fio da navalha e na beira do precipício com ignorantes ansiosos por jogá-lo ao chão dizendo:
- Volta pro seu circo de horrores, palhaço!!
Mesmo contra tudo e todos, foi aos infernos e voltou a vagar pela sua cidade determinado a seguir seu sonho de imortalizar-se através das palavras e a reencontrar algum cisne que o compreenda.
E com isso, se tornar um deles por toda a eternidade. Um cisne que voa, que luta e que vive por conta própria.
E que é muito feliz.
O peregrino das palavras a cidade voltou.
E através dos seus alfarrábios e penas, uma história com notas e lamentos iniciou.
Registrou seus próprios mandamentos no meio de um mundo caótico e alucinado que o repele na maioria das vezes.
Mesmo assim, há aqueles que acreditam em seu potencial e se felicitam por seu retorno.
- É bom te ver de novo, meu amigo – dizem as pessoas a ele – o pessoal precisa de você para deixa-las felizes através de suas histórias. Vá, meu caro peregrino, ser gauche na vida seja o que isso signifique e cumpra sua missão.
Siga seu destino.
O legado é seu.