EM ISRAEL, RUAS TOMADAS EM FAVOR DO SUPREMO
Lá o povo foi às ruas...
Na política israelense, o ano 2024 começou com milhares de cidadãos, nas ruas.
Uma série de protestos em favor da democracia nas diversas cidades do país, principalmente Jerusalém e Tel-Aviv.
Reagia-se contra o plano do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de reformar o judiciário.
Sua pretensão, ou estratégia, era limitar a capacidade da Suprema Corte - “STF de Israel” - de revisar as leis e, se inconstitucionais, derrubá-las.
Com essa medida, o Executivo prevaleceria sobre o Judiciário, tal como se vê em todas as ditaduras do mundo.
Aqui, o povo não foi às ruas...
Caso semelhante ao de Israel ocorreu recentemente no Brasil, quando um ex titular do Executivo criou picuinhas e invencionices para ter a Suprema Corte sob suas rédeas. O povo brasileiro, com certeza menos politizado do que o israelense, apenas assistiu com indiferença às investidas sub-reptícias daquele gestor.
Com as eleições de 2022, o Executivo passou a ser comandado por um oponente aos propósitos maldosos do gestor derrotado.
Aí, cessaram as flechadas e tentativas de encurtamento das prerrogativas do nosso STF, todavia - como nada é perfeito - o Parlamento, com maioria numérica - embora não qualitativa -, assumiu a guerra mantida pelo governo anterior contra o STF.
O que se via antes - Executivo contra o Judiciário - teve a inesperada continuidade de intenções ditatoriais do Legislativo contra o Judiciário.
Essa estratégia, semelhante à de Netanyahu, visa, no frigir dos ovos, acabar com a independência do Judiciário, o que significa enfraquecer a Democracia, seja em Israel, seja no Brasil. Uma estratégia da extrema-direita internacional.
A diferença em relação aos israelenses é que, aqui, o povo parece não ter acordado para essa pretensão malévola que, no final, culminará com a concentração do poder nas mãos de um só mal intencionado e/ou alucinado gestor. Diria melhor que esse alucinado gestor seria um ditador.
O brasileiro, nessa guerra, parece ficar indiferente, sendo levado a acreditar nas "fake news" espalhadas nas redes sociais.
Daí, um verdadeiro e inimaginável despropósito, ou contrassenso:
O povo brasileiro, que muito admira o israelense, vai às ruas protestar contra o seu, o nosso Judiciário, a Geny escolhida pela extrema-direita.
Difícil de acreditar.
Nosso povo esquece, ou é levado a esquecer, que a Democracia resulta do equilíbrio desses três pilares: EXECUTIVO, LEGISLATIVO e JUDICIÁRIO.
E a ditadura - ver Venezuela - faz de conta que o Legislativo e o Judiciário existem.
Não somos uma republiqueta. Precisamos acreditar em nós. A ditadura será o pior dos caminhos para todos, para qualquer vivente sensato do planeta.
Guiemo-nos, pois, pela bravura do povo israelense, que, ao contestar Netanyahu, nos dá uma convincente lição de civismo.