Prometeu que só pecaria abaixo da Linha do Equador
O pai de Alaíde era professor de Geografia e a mãe dona de um terreiro de umbanda. A jovem prometeu que até os 18 anos andaria na linha. Seis meses após completar a idade da liberdade, decidiu, sem muitas explicações, que conheceria a Linha do Equador.
E lá se foi com pouco dinheiro, coragem e velhos mapas do pai na bagagem. Como ela chegou em Macapá, capital do Amapá, ninguém sabe. Mas ela sabe para serve assistência social e consulados.
Em Macapá tem o monumento Marco Zero, que divide o hemisfério norte do sul - a Linha do Equador. E foi ali, brincando ora no norte, ora no sul que a aventureira fez amizade Aryda, filho, dizia ele, de um oficial da Marinha não se sabe de onde e que estava ali curioso em ‘ver’ a dita Linha. E entusiasmado entre sorrisos e cigarros, tornou-se companheiro. Não sem antes ser alertado que ela só pecaria abaixo da Linha...
E sem muita preocupação com o amanhã se viram no sul. Bem no sul. Exatamente no Rio Grande do Sul. Pecados carnais no frio mês de julho? Não!
Resolveram ‘descer’ mais um pouco. Até o Uruguai porque ouviram dizer que algo de bom estaria sendo liberado lá. Foi aí que Aryda andou fazendo umas contas assim meio de cabeça e resolveu desistir da aventura. 83 dias sem um encontro carnal em razão do frio por onde passaram não era receita indicada para sua juventude.
- Adeus, Alaíde! Não sei abaixo do que é essa ‘Linha do Equador’. Acho melhor você pecar na praça de todos os poderes em Brasília. Lá os pecados são permitidos por decreto.
Alaíde fez um pequeno aceno de concordância com a cabeça e murmurou:
- Sempre estive abaixo da Linha do Equador... Mas pecar onde não guardam segredo, jamais. Espere, Aryda.