ALFORRIAS E ANDANÇAS

– a Valter Nunes Coelho, amado amigo das casa véia!

Saudade de ti e de nossos papos nos entornos da José do Patrocínio e Lima e Silva, nos poentes da capital, quintais de cotidianos com seus vestígios de olhares e leituras esquecidas.

Da santa terrinha tenho andado ausente desde a pandemia de 2020/21. Estamos desgarrados do Pago Grande do Sul, pois aquerenciados em Passárgada, bairro do Passo de Torres, SC, e a estrada ficou mais penosa de lonjuras, especialmente agora, quando a invernia está a preparar os hálitos.

O tempo, antes futuro, foi presente e agora aposentou-se no baú dos guardados. Aos 77 outonos resisto aos quilômetros, mas a Srta. Asminha Brônquica é mais minha do que nunca. Portanto, como nos tempos áureos do Laranjal de infâncias, posso aportar na santa terrinha somente em aventuras veranais.

Todavia, fico coringando na Web as novidades do sul do mundo. Por vezes, o cafezinho do Aquarius me abençoa língua e palatino e fico me alembrando do bloco do Padre Ozy Fogaça, a Girafa da Cerquinha, o Fica aí e a General Telles, endemoniada no leito das larguezas e estreitezas humanas da Rua XV de Novembro, ali no colo urbano da Princesa do Sul e seus dengosos fetiches.

E eu, mais do que alforriado nos fevereiros carnavalescos, com a cambada dos moços a comer melancia na volta da Praça Central e nas banquinhas das cercanias do Mercado Público de Pelotas, lado a lado, meio que dependurado nos cansaços da escolhida de ocasião, e ao fundo sempre alguns bebuns ainda com a cuíca rouquejando no couro e sempre violando, violejando esganiçado nas cordas vocais, quando ainda corrupiava nos neurônios alguma marchinha foliã retardatária, daquelas que furam o vinil das gerações.

Depois, logo mais adiante, nos cadernos memoriais, desfilam os mortos sempre vivos de meus aprendizados infanto-juvenis.

Hoje, séc. 21, é dourar o tempo, lambendo as doçuras só pra não correr riscos ao imaginar o bater de Dona Finitude à porta da frente.

Afinal, tudo nasce, vive e morre, dizem os in/finitivos por atos e obras. Também alguns eternizados em descanso eterno, outros esperando a reencarnação à conta e ordem do Absoluto. Fui longe e ainda bem que voltei a tempo...

MONCKS, Joaquim. A BABA DAS VIVÊNCIAS. Obra inédita em livro solo, 2024.

https://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/publicacoes/preview.php?idt=8043033