Consciências XXXVII
Lavorar
De minha pouquíssima experiência com o trabalho, até essa data em que redijo esse texto, eu tenho lembranças de um tempo, de 2014 a 2016, mais ou menos, em que trabalhei no CAED, da universidade, na verificação e correção de provas administradas pelo governo. Me lembro de ter que acordar bem cedo, ainda escuro, de quando morava em uma república em Juiz de Fora. De ter que tomar café rápido e me preparar para ir ao ponto de ônibus. Do ônibus lotado, especialmente quando eu perdia a hora. De não ter tempo nem para ir ao banheiro. Do horário inflexível e 'igualitário", que desprezava as nossas diferenças cicladianas e metabólicas. De, vezes, ter que fazer minhas necessidades matutinas no local de trabalho. Da ansiedade progressiva até o final da semana. Da ansiedade todo dia, o mesmo pequeno drama, de proletário da caneta, de me sentir como mais um trabalhador enlatado, e não como esse poetinha "doente da cabeça", sem eira nem beira, das margens da civilização.