( A metáfora da vida do escritor)
Ele não tinha escolha. Ainda que a relação entre eles fosse notória aos olhos de todos, a sensação de via de mão única o atormentava. Criou coragem:
- Não me sinto à vontade com suas atitudes temperamentais, escritora.
- Quisera eu, ser diferente. Mas você não compreende.
- Entendo que não seja simples assumir um compromisso, a liberdade é pena içada da janela em voo livre. Mas que tal penas de ganso em travesseiros?
- Não domino sequer o meu cabelo, quem dirá meus pensamentos e o processo para desenvolvê-los em ordem cronológica. Nunca fui disciplinada e rotina causa-me ogiriza.
- Então estamos prestes a cortar laços? É preciso que ambos se sintam confortáveis. Relação aberta daqui pra frente?
- Não seja exagerado. Meu compromisso literário é manter a mente livre, consumir conteúdos de toda ordem e, vez ou outra, embebedar-me das letras engarrafadas. Não lhe parece suficiente?
- Desde que tenha ciência da ressaca moral. Por mim, tudo bem!
- Que tal me carregar em teus braços até nosso leito?
- Para dormir de conchinha? Feito o til com uma letrinha?