ATÉ OS PÁSSAROS MORREM SEM A TERNURA
Ah quanta falta nos faz a ausência de carinho! Não somente no sentido físico do ato, trata-se de algo mais, tão importante quanto mas emoldurado pela nuance metafísica. Um sorriso iluminado, aquela palavra de suave conforto, o gesto atencioso de quem se importa conosco, tudo isso é carinho, mostra o agradável afeto das pessoas do nosso convívio.
Quando já não se tem o gozo da ternura no dia a dia a vida se torna vazia, sem o norte do rumo, desmorona sem sentido, simplesmente passa de vívida a vegetativa. Quem haverá de suportar existir sem o doce elixir do carinho? Desprovido deste, cada novo amanhecer é motivo de ansiedade, de busca por olhares, sorrisos e proximidade.
Muitos dos que envelhecem, esquecidos e desprezados pelos próprios filhos extremamente amados, por amigos e familiares em geral atravessam esse terrível corredor polonês ladeado pela indiferença. Quem não dá a mínima para a dor emocional dos flagelados pela total falta de carinho nunca imagina o grande mal causado por seu desprezo. Braços que abraçam, mãos que afagam e lábios que pronunciam palavras de paz, amparo e amor são necessidades básicas de todos os seres humanos. Definham, perdem a dignidade e morrem de tristeza aqueles sem esses requisitos essenciais para uma vida feliz.