VOCÊ SOU EU, EU SOU VOCÊ!

Entre os muitos amigos que tenho e tive na minha longa e movimentada trajetória, um deles tem especial conotação, uma vez que fomos, durante muitos anos, companheiros de viagem. Seja percorrendo a Bahia, de norte a sul, de leste a oeste, seja no convívio familiar, nas farras de violão e nos longos entreveros pelos bares da vida.

Não vou declinar seu nome pois ele não gosta quando o faço. Quem nos conhece, entretanto, facilmente terá este quase segredo revelado em sua memória. Há cerca de três anos, conversávamos numa mesa de bar, na rua da Granja – aqui em Conquista e ele passou a relatar uma passagem da minha vida da qual ele sabia, mas não havia participado. Entre um gole de cerveja e outro, ouvia seu relato e os fatos narrados por ele foram se tornando num episódio que eu havia experimentado em determinada região. Quando ele fez uma breve pausa para encher seu copo, chamei sua atenção para que ele deixasse de contar fatos que diziam respeito a mim. E ele, impassível, disse - nada, cara, é a mesma coisa.

- Que mesma coisa, amigo, por acaso somos uma pessoa, eu e você? E ele com toda a sinceridade disse que sim.

Por causa desse breve contratempo, acho que ele me tem evitado e eu sinto muito pois não queria que tal coisa acontecesse. Mas aconteceu. Para ele, “você sou eu, eu sou você”. E durma com um barulho desses!