"NOS BASTIDORES DO EVANGELHO" Crônica de: Flávio Cavalcante
NOS BASTIDORES DO EVANGELHO
Crônica de:
Flávio Cavalcante
Na penumbra das igrejas, onde a luz divina deveria dissipar sombras, a hipocrisia dança em um silêncio perturbador entre os que se dizem fiéis ao criador. Pelos corredores da fé, a discordância sussurra entre os fiéis, num silêncio discreto e abafado, desafiando a harmonia preconizada pelos sermões.
Os bancos de madeira polida testemunham sorrisos carregados de significados ambíguos, onde a expressão de devoção muitas vezes esconde as máscaras da hipocrisia. Os cânticos melodiosos se espalham pelo ambiente sacro, mas, por trás das vozes afinadas, a discordância ressoa, formando um contraponto desafinado à mensagem de amor e unidade.
Nos púlpitos, as palavras sagradas são proclamadas com fervor, mas, nos bastidores, a dissensão floresce como uma erva daninha. A hipocrisia se infiltra nos corações dos crentes, obscurecendo a visão da verdadeira essência da fé e da mensagem que ela deveria realmente transmitir. A discordância, por sua vez, produz teias invisíveis que se estendem por entre os corredores eclesiásticos, minando a coesão que deveria prevalecer.
O paradoxo é evidente: enquanto se proclama a paz e a irmandade, a hipocrisia semeia a desconfiança, e a discordância se insinua, dividindo o rebanho que deveria caminhar unido. Os dogmas tornam-se muros, e as interpretações divergentes transformam o ambiente sacro em um campo de batalha espiritual.
Por entre os vitrais coloridos, onde a luz do sol tenta penetrar, a hipocrisia se esconde nas sombras, enquanto a discordância lança sombras que distorcem a pureza da mensagem divina. É uma dança silenciosa, um drama invisível que se desenrola enquanto os crentes buscam a transcendência.
No entanto, talvez seja na reflexão sobre esses desafios internos que a verdadeira redenção possa ser encontrada. Reconhecer a hipocrisia e enfrentar a discordância com compreensão e diálogo, podem ser os primeiros passos para restaurar a autenticidade da fé e trazer de volta a harmonia que, por vezes, se perde nos recantos sombrios das igrejas.
Flávio Cavalcante