DIA DE FEIRA.

O celular desperta às quatro da manhã, exatamente em ponto, um toque suave, tranquilo, antigamente os despertadores eram barulhentos, irritantes, hoje, celular virou despertador agradável, programa-se uma música ou toque para acordar. Levanta sem muita vontade, retiro o pijama, dobro-o, guardo-o, coloco calças e camisa. O corpo ainda sonolento, cada músculo ainda dorme, negando-se a labuta do dia, mesmo me espreguiçando, esticando os braços, o corpo é teimoso, não entendo a necessidade do momento, é somente isso, um momento desperto, tempo de ligar o carro e colocá-lo três casas a frente. É sexta-feira, dia de feira livre na rua de casa, e para os que desejam fazer qualquer coisa cuja necessidade do uso veículo se faz necessário, tem que despertar antes dos feirantes chegarem para retirar os seus veículos das garagens.

Não perco tempo, vou até a garagem, ligo o carro, na rua, já figuravam algum feirantes, algumas barracas sendo montadas, de frente a minha garagem é o lugar da barraca de consertos de panelas, "Paulão das panelas", para ser mais exato. Que já se fazia presente, descarregando suas caixas com todo descarinho possível, pronto para montagem trabalhosa de seu espaço. Abro a garagem, minha esposa esperava no portão, sigo com o carro coisa de três casas a frente, retorno apressado para voltar para cama. Paulão das panelas me cumprimenta, Pernambucano falador, logo mais, sua voz se fará ouvir contando os seus casos e histórias. Volto para o aconchego da minha cama junto com minha esposa, o corpo agradece, tenho que aproveitar a oportunidade de dormir até mais tarde, embora os compromissos para o dia sejam muitos, feriado, não tenho a obrigatoriedade de levantar antes das seis da manhã.

O relógio toca pela segunda vez, seis horas, em ponto, resmungo, não quero me levantar, porém, os compromissos são tantos, que não me sobra escolhas. Me levanto, minha esposa já está na cozinha, na lida, preparando o café antes da minha filha sair para escola. Termino de arrumar a cama, lençois e cobertores dobrados e guardados, vou até a cozinha, o café está pronto, 'compra pão amor', disse a minha esposa, 'três ou quatro', 'três, só três'. Pego o cartão e saio. Do lado de fora, a feira está a todo o vapor. Paulão das panelas falando pelos cotovelos. As outras barracas a todo vapor, frutas, verduras, barracas de roupas, de queijo, de produtos naturais, enfim, tudo funcionando como deve ser, no ritmo de sempre, as mesmas pessoas figurando aqui e ali. Nada de novo debaixo do sol como bem disse Salomão.

Depois do café, de uma boa conversa com a esposa, saímos em campo, em missão, uma vez que os compromissos são muitos para o dia. Não reclamo das correrias a serem feitas pela cidade, na verdade eu precisava muito disso, de sair, respirar novos ares. Entretanto, antes de sair para o centro da cidade, passamos pela feira, mais para olhar do que comprar alguma coisa, foi o tempo de bons preços, hoje tudo está terrivelmente caro, mesmo na feira livre. Depois de olhar, trombar com um e outro amigo, trocar algumas palavras, partimos para nossos compromissos. Nada de novo debaixo do sol.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 07/04/2024
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