El Reloj
SEMPRE ouço o bolero El Reloj, acho que é. Mexicano. Tem a ver comigo na parte sentimental, mas também porque gosto muito de relógios. Vou confessar algo: sem um relógio no pulso me sinto nu. Até os netos tiram o meu couro, afinal se tenho celular não precisaria de relógio, mas não deixo de usar o relógio de pulso. No momento uso o único que a pilha ainda não pifou: um Technos comum dos baratos. A pulseira deu o créu mas botei uma de plástico. Possuo dois Midos, um dourado é um cor de prata, os dois quebrados e o conserto custa mais caro que vários relógios de pilha.
Mas o que eu queria mesmo era falar do relógio que mais gostei, o primeiro, um Lanço de corda que meu pai me deu quando fiz 12 anos e passei no Exame de Admissão ao Ginásio. Como amei aquele relógio, mas perdi-o numa viagem que fiz ao Recife para tirar uns documentos. Dormi numa pensão que ficava nas proximidades da Ridoviária. Quando fui dormir tirei o relógio e pendurei num preguinho ao lado da cama. Quando acordei, na pressa, esqueci do relógio. Quando percebi voltei correndo mas já tinham levado. Imaginem a decepção. Nunca esqueci meu Lanco de corda. Ainda sonho com ele.
Pois é, os casos importantes sucedendo, terremotos, prisão dos fugitivos, festas e o escambau e eu lembrando de um bolero e do meu relógio Lanco. Estou variando. William Porto. Inté.