Fiz uma caminhada até a divisa da propriedade. Nossos vizinhos compõem um loteamento, as ruas são públicas, todavia se comportam como um condomínio privado. Estipularam, em convenção, algumas regras, os que se abstiveram de assinar foram hostilizados.

 

Nossa propriedade é muito cobiçada, porém meus manos nunca se interessaram. Nosso pai doou em vida. Caso tivessem ralado para adquiri-la, dariam mais valor e a tornariam produtiva.

 

Eu cuido de um pedaço, mantenho limpo. Por passatempo, tenho galinhas, coelhos, gansos e uma ovelha. Cultivo uma pequena horta, plantei algumas fruteiras que já produzem e plantas ornamentais, em vasos e canteiros. 

Há dificuldade em encontrar um jardineiro profissional para ajudar na manutenção, sempre aparecem biscateiros, sem compromisso com o serviço.

 

Recebo a visita de passarinhos diversos, micos, insetos e outras espécies. As visitas mais assíduas são as formigas vorazes, picam e levam tudo que podem. 

 

Na minha caminhada, deparei com placas penduradas em árvores ou em estacas anunciando a venda do terreno. Consegui, com a ajuda de um rapaz, uma ferramenta para arrancá-las.

 

Decidi, então, anunciar a venda de parte da propriedade, como teste.

 

“”VENDE SE PELA MELHOR OFERTA””

 

Meu pai, quando eu era uma  garota, quis me castigar (viu-me dando carona na garupa da bicicleta ao retornar da escola). Colocou a bicicleta pendurada na varanda com um cartaz anunciando a venda pela melhor oferta. Eu fiquei de plantão, esperando os interessados. Para os poucos que surgiam, eu mentia, inventava defeitos, dizia ter sido vendida, despachava todos…

No dia seguinte, meu pai julgou a ameaça da venda suficiente castigo, despendurou a bike e me proibiu de carregar alguém na garupa.

 

Aguardemos os interessados em comprar o terreno. Deixarei na placa o telefone dos manos, para informar do negócio…