Laís, Longe de Ser uma Amélia!!

Essa é mais uma história verídica. Trata-se de Laís, a minha cunhada, uma mulher atrás do seu tempo. Desde a época em que a conheci, achei a coisa mais estranha desse mundo. De uma submissão atípica. Nem a minha bisa tinha o comportamento da Laís.

A minha vontade era apertar o seu pescoço ou dar uma sacudida.

Éramos jovens; ela bem mais velha que eu e já era casada. E eu namorava o irmão do seu marido e mais tarde me casei, também. Construí a minha família, porém, cada qual com as suas obrigações. Dividíamos as tarefas domésticas e cuidávamos dos nossos filhos. Tava tudo nos conformes.

Nas festinhas em família, as mulheres se reuniam para conversar banalidades , enquanto os marmanjos dos maridos, discutiam futebol com cerveja e salgadinhos para o acompanhamento.

E nos momentos de nossas intimidades como mulheres, sempre rolava uma besteira e outra, como por exemplo, eu que era muito novinha vinha a pergunta: - E aí, esse teu olho roxo e fundo, é o que? Nunca tive papas na língua e respondia, ah, a gente faz nheco nheco todo dia! E a noite é sempre uma criança! E não era mentira, pois apesar do cansaço, tinha sempre uma brincadeirinha , rsrs E a mulherada se acabava de rir e cada uma contava sobre a sua intimidade. Mas eu sentia uma certa distração da Laís.

Os anos se passaram; as crianças maiores e as mesmas reuniões se repetiam. Eu e as minhas três cunhas, sempre na roda das conversas íntimas e num determinado momento, veio a ordem do marido da Laís.

- Ô Laís, faz café!

- Ô Laís, faz um bolo pra gente!

- Ô Laís, traz um copo pra mim!

... Eu e as outras nos entreolhamos indignadas. Tomei uma atitude e chamei a Laís para uma conversa.

- Por que você faz tudo que o Joel quer?

- Eu não gosto de desobedecê-lo.

- Mas ele é seu pai?...

Nesse momento ela ficou muda. Eu me levantei e nunca mais toquei no assunto.

E entre uma reunião e outra, ouvia-se o Joel mandar na esposa na frente de todos sem a menor vergonha. Mais o pior foi num dia que presenciei uma cena estarrecedora. A Laís dirigiu-se á ele chamando-o de pai. E ele se arrumando para brincar o carnaval sozinho.

E não parou por aí, o Joel escolhia o seu candidato e a mandava votar no seu escolhido e ela logicamente, obedecia. Eles não se beijavam na boca, mas na testa. Soube depois que ele tinha várias amantes, e a Laís fingia não saber e um belo dia soltou essa: - Que me importa? Não quero saber de nada!

Soube da morte do Joel no ano passado, e eu nada senti. Não sei se a Laís sentiu. Será que ela continua se fazendo de morta ou estava morta nesse tempo todo?

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Kathmandu
Enviado por Kathmandu em 04/04/2024
Reeditado em 08/04/2024
Código do texto: T8034789
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