O Fiel Arrependido

Quando soube que coroinhas eram deflorados por padres e que a Igreja Católica tudo acobertava, eu afirmei: isso é mentira, a podridão do mundo está no comportamento impuro dos gays que passeiam nas ruas. Eles têm cara de gente vadia, pessoas imundas que não herdarão o reino dos céus.

Quando eu soube que cidadãos de bem e pastores esparramam esperma em inocentes corpos infantis, sem hesitação, afirmei: isso é calúnia, deveriam fiscalizar as "bichas", que em salões de arte induzem as crianças se tornarem viadas.

Quando me deparei com a corrupção deslavada cometida por "nobres" parlamentares cristãos, desviei o foco do assunto e afirmei uma inteligente ação: está na hora dos professores cessarem a doutrinação com a ideologia de gênero em nossas escolas. Que tal a disciplina militar e alguns livros de Jeová?

Mas um dia, perante tantas repetições de torpezas cometidas por igrejas e líderes da fé, refleti várias vezes e entrei em crise de valores. Não era Jesus que andava com os marginalizados e os ajudava?

E no esgoto social, catando restolhos do moralismo cristão, descobri que muitos fiéis, assim como eu, são idiotas politicamente e economicamente úteis a manter um cego domínio social em nome de um deus. Eu percebi que os supostos abomináveis homens afeminados eram manipulados como peças de um ilusivo xadrez: para tornar o senso crítico de qualquer pessoa em uma prisão mental composta de imposições e preconceitos.

05.11.2018

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 03/04/2024
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