Pensão de beira de estrada
Depois que tivemos que abandonar a Velha Casa de Taipa do Quilômetro Sessenta e Três, a casa de farinha de seu Tomás passou a ser as novas instalações da pensão de seu Zezinho. Embora na mesma BR, no Quilômetro 71 a água era escassa. Bebíamos de um barreiro lamacento, localizado na beira da estrada. Bebíamos água misturada com a poeira deixada pelos caminhões.Ainda assim,aquela água barrenta coada com um pano era um refrigério que durava pouco tempo. No verão o barreiro secava. Então, o caminhão que trazia gasolina de Araripina ia buscar água em Picos. Lá com apenas uma ligeira balançada, voltava carregado com água para o consumo humano. Bebíamos a água com gosto de gasolina porque não tinha outra para se beber.Contudo, a vida ali não foi só dor e amargura. Ganhamos algum dinheiro e nos mudamos para Picos. Nascia o Grande Hotel.
A próspera cidade de Picos nos ofereceu condição para trabalhar e estudar e seu Zezinho pôde ver realizado seu grande sonho de educar os filhos. A felicidade dos velhinhos com a educação dos filhos era total. Essa foi a nossa grande motivação,o grande incentivo que nos tornou vencedores.
A pensão de beira de estrada foi importante capítulo na vida de seu Zezinho e D.Iaiá, a passagem para o Grande Hotel e a ponte para o ingresso dos filhos na Faculdade.
LIMA, Adalberto: RODRIGUES, Francisco José et al. O Brasil nosso de cada dia.