O Preço do Esquecimento: Ditadura Militar em Foco

Há sessenta anos, o Brasil vivenciou um dos capítulos mais sombrios de sua história, o apice do autoritarismo que assassinou centenas de brasileiros e torturou vários outros em nome de uma estúpida disciplina militar. O presidente João Goulart, o qual fazia reformas sociais que trazia ascensão social aos mais humildes, foi deposto através de um golpe que iniciou suas movimentações no dia 31 de março, culminando em sua deposição no dia 2 de abril de 1964. Este evento marcou o início de um período tenebroso: o fim das eleições livres, o estabelecimento da censura, o exílio forçado de opositores, torturas, alta concentração de renda, péssimas condições de vida aos trabalhadores e assassinatos cometidos pelo Estado. E por que é essencial recordar essa época de dor e sofrimento?

Lembrar dos horrores da ditadura militar é uma maneira de permanecermos alertas. Recentemente, enfrentamos uma nova tentativa de golpe, desta vez arquitetada pelo Bolsonaro e seus apoiadores no ano de 2023. Felizmente, não obteve sucesso: inclusive é importante que os envolvidos sejam devidamente punidos. Contudo, a memória desses eventos serve para fortalecer a soberania popular, ainda frágil e manipulada por interesses burgueses, e garantir que atrocidades semelhantes nunca mais aconteçam.

O revisionismo histórico, infelizmente, tenta pintar um quadro diferente, sugerindo que apenas "criminosos" sofreram nas mãos do regime militar. Porém, a realidade é outra. Crianças como Zuleide, de cinco anos, e Samuel, de nove, foram submetidas a torturas, acusadas injustamente de terrorismo. Até mesmo o jesuíta João Burnier enfrentou tratamentos degradantes por defender mulheres que estavam sendo torturadas. Tais relatos desmentem a narrativa de que o regime foi "brando" e que apenas "desocupados" sofreram durante esse período.

As atrocidades cometidas são inúmeras: estupros ocultados, torturas físicas e psicológicas, assassinatos disfarçados de suicídio. A “revolução” de 64, a falsa revolução, pois não trouxe nenhuma mudança significativa na estrutura da sociedade brasileira... Apenas reforçou o domínio da exploração das elites e agora com extremo autoritarismo, com seus atos institucionais e a manipulação dos partidos políticos, impôs um retrocesso medieval ao Brasil. Milhares de vozes foram silenciadas pelo AI-5, e muitos inocentes sofreram em cadeiras elétricas, vítimas de um regime que se deliciava com o sofrimento alheio.

Ainda hoje, há quem tente comemorar essa época como se fosse revolucionária e democrática. Mas não podemos permitir que a verdade seja distorcida. O regime militar não foi uma época de ordem e progresso, mas de repressão brutal e violação dos direitos humanos.

Também é lamentável que a atual gestão do Estado brasileiro sobre a batuta do presidente Lula tenha institucionalizado um silêncio sobre este fatídico capítulo de nossa história. Não falar sobre este sanguinolento período é não prestar as devidas homenagens aos torturados... É ceder as chantagens das Forças Militares, uma forma também de abandonar quem sofreu com toda aquela violência.

Portanto, é nosso dever combater a narrativa falsa que tenta glorificar o regime militar. Recordar o passado não é apenas um ato de reverência às vítimas, mas um compromisso com a democracia e a liberdade. Desenvolver uma memória coletiva de constante vigilância e repúdio a traição do povo brasileiro, os quais marcharam de sangue, tortura, mentiras, mortes e corrupções o cotidiano do país por mais de vinte anos. É essencial lembrar para que a história não se repita, para que a sombra autoritária nunca mais aprisione a democracia no subsolo da ignorância. Hoje, mais do que nunca, é o dia de enfrentarmos essas horripilantes mentiras e garantirmos que a verdade prevaleça.

31.03.2024

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 31/03/2024
Reeditado em 31/03/2024
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