A INFÂNCIA E SEU REINO ENCANTADO
Quão satisfatório é viajar nas lembranças e sentimentos do “eu do passado”... Recordar a infância nostálgica, limitada e divertida onde choros e risos se somavam a constantes reflexões sobre as coisas mais singelas do dia a dia...
Um olhar fixo no horizonte sempre navegando em busca de respostas, refletindo sobre a vida e sua complexidade; o imaginário é inundado de possibilidades que levam o pensamento a trilhar caminhos encantadores.
A realidade nua e vergonhosa é convidada a se vestir e revestir nas armaduras dos sonhos e ideais, formando um ambiente agradável onde os dissabores das decepções não alcançam a felicidade ali plenamente estabelecida e vigorosa.
Naquele mundo, morada da vida paralela dos inocentes, ecoa uma suave melodia de tranquilidade no silêncio de uma alma leve, simples... Sussurros tornam-se o idioma do herói que naquele universo tem poderes para resolver todos os problemas.
A brincadeira lapidada pela imaginação tem seu momento de realidade, pois tudo é possível ao que crê. Porém, mesmo esse castelo sendo tão seguro, acaba se tornando inabitável; pois o reino dos inocentes não tem lugar para aqueles que precisam aprender a ser maus.
O tempo passa, as respostas vêm travestidas de maturidade e com elas as muralhas que impedem o acesso a esse mágico espaço; restando apenas vislumbre desse mundo ideal. A criança adormece e dá lugar a um indivíduo adulto, por vezes inapto a olhar a vida de forma poética e, portanto, incapaz de ter a emoção necessária para apreciar o sabor das coisas simples da vida.