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Conheci o meu marido quando era sua aluna no Curso de Secretariado. Ele era meu Professor de Inglês. Ele era paquerado por todas as alunas do Curso, mas sempre muito sério. Usava calcas apertadinhas, boca de sino, (lembram dessa moda?) e cabelos compridos até os ombros.  Detestava cigarro, na época eu fumava, e aquela era a única aula que eu não podia fumar.

Um dia, esqueci meu livro. A porta estava fechada. Bati e ele abriu e me perguntou: “- Trouxe o livro?” E eu: “- Não”. Ele disse : “- Quem não tem livro, não entra”. E fechou a porta na minha cara.
(Me maltrata que eu gosto!)

Tinha uma personalidade muito atrativa. Chegava na classe já abrindo as janelas. Jogava o cabelo para trás igual o Ronnie Von (rs). Começamos a paquerar (nossa que expressão antiga! ) no ultimo ano do Curso.
Um dia ele me chamou para ajudá-lo a passar notas na Caderneta. Ficamos nos dois na classe. Silencio total…
Ai ele disse: “- Troquei de carro”. E eu: “-Ah é? que tipo?” E ele: “-Um fusquinha novo, beginho”… Esse foi o inicio da conversa.
Costumava dar para ele poesias escritas em papel cor-de-rosa. Ele colocava dentro do livro, e dizia: “- Obrigado” e saia todo profissional. Não comentava nada. Um dia pensei: “Vou parar de dar essas poesias para esse cara!”.
Então depois de uns dias, ele perguntou: “Hoje não tem poesia?”

Na nossa formatura teria um jantar num Restaurante e ele me perguntou se eu iria. Eu disse: “-Não sei”.. (com aquela cara quando a mulher finge não estar interessada).
E ele: “-Vai sim! Lá na Secretaria da Escola você pode assinar a lista”. Eu disse: “-Vou pensar” - meio misteriosa.
Mal ele saiu, fui “de quatro” para a Secretaria assinar a tal lista.
Na entrega do diploma, a D. Elsie, professora de Taquigrafia, que torcia muito por nos, deu o diploma para ele me entregar. Emoção total!
No jantar sentamos juntos, e conversamos a noite toda.

 

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De madrugada ele perguntou se podia me levar para casa.
Quando paramos na porta ele perguntou:

"- Posso ligar para você para sairmos?” E eu: “- Claro”. E ele: “- Qual seu numero de telefone?” E eu disse: “Se você estiver interessado, procura na lista telefonica Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva, trabalho lá”.

Não sei porque mas achei que ele havia perguntado o numero só por perguntar... E sai do carro. Fiz isso de propósito porque eu o achava muito convencido. Na verdade, achei que ele não iria ligar.
Cheguei no trabalho no dia seguinte e disse para a  para a Arlete, a Recepcionista: “- Se ligar, um tal de Roque, me ache onde eu estiver”. Depois de uns dias ele ligou, e ela falou: “-Nossa! O Roque? Ela esta esperando sua ligação todos os dias! ”. (a bandidinha me entregou!).

 

Nosso primeiro encontro foi dia 8 de Fevereiro de 1975, e era Carnaval. O Restaurante chamava-se KITUNGO. Guardei o cartaozinho...

 

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Sentamos para tomar uma água tonica (quanta inocência, hoje eu tomaria duas taças de vinho). Conversamos sobre tudo, e descobrimos que tínhamos nascido no mesmo dia mês e ano. A certa altura ele tirou o óculos, e eu fiquei brincando com seus óculos na mesa; então ele segurou minha mão e me olhou nos olhos.  Ah!  que emoção!  Depois,  um beijo -  aquele beijo inocente de antes que era uma ousadia (deliciosa por sinal!)

Dali para frente foram cinco anos de namoro. Entrei na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, (ele já era formado na mesma Faculdade), e quando me formei , casamos. Ele resolveu então fazer sua segunda Faculdade (Direito) e fiquei com suas  aulas de Ingles no Curso  Secretariado a noite por 5 anos. 

Ele é o melhor parceiro que alguém poderia esperar,  respeita imensamente minha liberdade de pensar, e minha individualidade. Não é fanático por poesias, mas entende meu lado poético, e me deixa livre,  respeita minha liberdade de expressão. Gosta de ler minhas Cronicas.
Somos totalmente diferentes. Ele, super pé na terra, eu estou sempre voando. De vez em quando ele me pega para me trazer de volta para a terra. Assinamos um papel, mas não somos escravos dele. Não nos julgamos propriedade um do outro. Nos amamos do jeito que somos, e casamos por amor.
A função dele nesses anos todos tem sido consertar minhas asinhas, e me impulsionar para voar. Sempre me deu força, coragem em todas as situações que enfrentei na vida. Sempre reforçou minha capacidade, sempre acreditou em mim.

Quando me perguntam há quantos anos sou casada, eu respondo que esse ano, em Dezembro faremos 44 anos (contando o tempo de namoro: 49).  E então muitos perguntam: “Com o mesmo homem?" rs

 

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PS: Desculpe a falta de acentos.

Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 30/03/2024
Código do texto: T8031176
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