MUITO ALÉM DO JARDIM

Quem tem a curiosidade de acompanhar de perto esse mundão que nos cerca, já tem certeza que as tais mudanças climáticas há muito deixaram de ser papo de ambientalistas presunçosos, e passaram a ser mais um componente de peso a influenciar, e o pior de forma negativa nosso cotidiano neste planeta, que quase todo mundo pensava ser infinito, mas que recentemente caiu a ficha, mostrando a inter-relação de fatos qu

e o define como finito.

Vamos aos poucos, nos conscientizando disso pela maneira mais desastrosa de aprender, aquela em que vivenciamos o fato, e claro, com possíveis consequências muitas vezes definitivas, ou seja, que agora não permite mais engatar uma ré, e tudo ser resolvido.

Para quem gosta de praia, e olha que essa opção não tem restrição de peso, idade, sexo, raça ou até mesmo renda. Para comprovar isso não precisa de uma foto daquelas feitas em um domingo de sol ao longo dos oito mil quilômetros do litoral brasileiro, basta lembrar que a imensa maioria das capitais tem sua capital banhada pelo mar.

Pelo menos no sul e sudeste águas do Atlântico resolveram alterar sua temperatura, antes inverno trazia águas mais quentes, fazendo um contraste com o verão, quando o mar ficava tão frio, que inibia a permanência dos banhistas corriqueiros, restringindo o mergulho apenas para os mais corajosos. Nessa última década essa premissa foi literalmente por água abaixo.

Em décadas passadas, quando surgiu o fenômeno El Niño, depois seguido por sua irmãzinha La Niña, existia um pacto de aparecerem apenas de vez em quando, deixando as águas dos oceanos ao sul recuperarem sua normalidade térmica.

Neste ano de 2024, parece que esse pacto dessas crianças travessas foi rompido, e os dois oceanos vão precisar aturar as peripécias destes dois pestinhas no mesmo ano.

Quem acompanha notícias praianas, principalmente da região sul, já constatou que virou moda por lá o alargamento das praias, parece que rola um campeonato regional para saber quem gasta mais com essa modalidade de obra, não importando se o objetivo é a largura ou o comprimento do aterro. Para mostrar que a competição vem se acirrando, basta ver que algumas praias já estão repetindo a ação, ou seja, se na primeira vez o mar retomou seu tradicional espaço, o prefeito ordena que uma nova montanha de areia seja transferida para a praia.

Às vezes fico cá com meus botões divagando com alguns nomes de batismo, onde a lógica foi deixada de lado, veja o exemplo do planeta Terra, uma incoerência a toda prova, pois temos a água como elemento predominante. Para ser ainda mais coerente, a alcunha correta deveria contar com um complemento, água salgada, e para tanto não seria necessária nenhuma pesquisa profunda, a imagem do planeta azul ficou popular logo após o lançamento dos primeiros foguetes tripulados, o que remonta o início da segunda metade do século passado.

E possivelmente virá do mar os estragos mais significativos para cidades situadas a beira mar. O aquecimento de míseros dois graus nas águas dos oceanos vai mudar a cota do nível do mar, com o já irreversível derretimento da calota polar.

Para não dizer que não falei do interior, a região serrana fluminense vem há alguns anos convivendo com índices pluviométricos, que às vezes em poucas horas, consegue superar o esperado para o acumulado do mês inteiro. Não se pode descartar, que o processo de crescimento das cidades nesta região propicia deslizamentos, pois invariavelmente vemos encostas perderem sua vegetação, que antes, dentro do possível, usavam sua permeabilidade e raízes das árvores para absorver e reter a água da chuva.

Para variar, mais uma vez, quem sofrerá com mais intensidade os futuros danos serão os países pobres, pois não terão capacidade de bancar obras contra a variação das marés, que de alguma forma países da Europa já conseguem, claro a custos fora da realidade de países pobres.

O Brasil mais uma vez vai perder o trem da história, como já aconteceu com tantas oportunidades jogadas fora por falta de empenho para encarar desafios. Temos muitos exemplos recentes dessa falta de planejamento, perdemos a benesse da janela de oportunidades , quando nossa população em idade ativa, suplantou a inativa, mas tivemos como legado apenas o crescimento da taxa de desemprego e também das dos desalentados, aquelas pessoas que desistiram de procurar emprego e não participam da taxa de desemprego, que tem como premissa a procura por emprego na semana de referência da pesquisa.

Demógrafos já alertavam para o crescimento da participação dos idosos na população. Como nada ainda foi feito, corremos sério risco de colapso da saúde, com o esperado aumento na demanda por tratamentos mais caros, e que exige longa permanência em leitos hospitalares.

Ainda existe túnel? Para assim ainda termos a esperança de ver a luz no final do túnel.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 29/03/2024
Reeditado em 01/04/2024
Código do texto: T8030665
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