O “x” da questão
Dias atrás, recebi, de uma amiga do grupo, o convite para responder a um questionário denominado de “Raio X”. Desacompanhado de quaisquer informações, nem sequer me dei ao luxo da leitura.
A princípio, pensei ser uma brincadeira, mas, passado um tempo, ela começou a cobrar. O jeito foi responder.
Dando uma olhadela rápida, voltei no tempo. Quando meninota, nos meus catorze, quinze anos, costumava brincar com tais questionários; lógico que mais especificamente relacionados com os namoricos e voltados para os assuntos da idade. Como já tenho o meu “Príncipe Encantado”, pensei, vou tirar de letra.
Algumas perguntas até que respondi rapidamente. Aos poucos, fui descobrindo que gosto de dormir de lado, de arroz, feijão e ovo frito – com gema dura. Adoro pão quentinho com manteiga. O cheiro da terra molhada me fascina. Sou palmeirense, gosto da cidade de São Paulo e quase não assisto à TV. Não gosto de injustiças, nem de roupa apertada e gosto de ouvir a voz silente do meu interior. Entretanto, ao me deparar com o quiz sobre filmes, músicas, cantores, atores, poetas, poesias… pense na dificuldade que tive em responder!
Adoro filmes, principalmente os românticos, aventuras, gosto dos “doramas” coreanos, mas não me pergunte sobre os atores, não sei o nome de quase nenhum. Diretores então, nem imagino quem sejam.
Há pessoas – irmãos, sobrinhos, filhos, noras e genro – que, ao assistirem aos filmes, analisam tudo sobre: direção, efeitos especiais, cortes, desempenho dos atores, música – o que não é o meu caso. Eu apenas assisto e curto ao máximo. Nada além. Se for um filme baseado em algum livro que tenha lido, ainda traço um parâmetro. Tipo, Fernão Capelo Gaivota; desse filme gostei muito! Marcou de tal forma a minha vida que, quando estou na praia e passa por perto alguma gaivota grasnando, às vezes grito: voa bem alto! Fuja da rotina! Procure outros ares! Coisa de doido.
Poeticamente falando, gosto de meu versejar, gosto das escritas dos meus amigos próximos, da Cecília Meireles, mas também da Florbela, da Hilda Hilst, Drummond, Pessoa, Quintana, mas precisei filtrar ao responder.
Em relação às músicas, quantas falam por mim, cada qual num momento especial da vida. Adoro o Ivan Lins, Rita Lee, Chico Buarque, Marisa Monte, Fábio Jr. Emociono-me com algumas canções. Não sei dizer qual a que me transporta. Tive que sair à caça – risos.
Quanto ao orgulho, quantas situações me proporcionaram esse sentimento tão nobre! Ser parte de uma família tão querida – pais e irmãos –, formar a minha própria família, ter tido a oportunidade de voltar a estudar e me formar, ser mãe, avó, escrever as coisas da vida, ter a amizade de algumas pessoas queridas. Enfim, são muitas as situações, mas nem sempre o orgulho nasce de coisas grandiosas, por vezes também de situações simples, mas que nos extasiam.
Dando continuidade, não sei se consigo blefar. Entrego logo de bandeja. Se tem algo que me fere é não ter conseguido cativar alguém que prezo muito. Isso me tem tirado o juízo. Tenho dialogado muito com o meu “EU” interior e refletido acerca das minhas ações. Mais dia, menos dia eu fecho essa ferida.
Quase fechando o tal questionário, percebi que a correria do nosso dia a dia nos torna tão seletivos que deixamos de refletir sobre outras coisas também interessantes.
Pontuando essas situações, vejo que minha vida é permeada de muitos outros momentos e sentimentos, assim como qualquer outra pessoa, e que, por alguma razão, não são levados tão a sério. Também tenho meus desatinos, meus pecados, minhas vergonhas, minhas tristezas; vontade de mudar o mundo e as pessoas. Mas, o x da questão é que eu me amo e, por isso, me perdoo por tudo isso, pois acredito estar num plano de aprendizados.
Assim, sigo agradecendo ao Deus do meu coração pelo milagre da vida e desejando, a todos, a Paz Profunda tão almejada!
Sabe o que percebi? Esse tal questionário, na verdade, não é para que aquele que o propôs nos conheça (pode até ser também, claro). Na verdade é para que nós nos conheçamos melhor, que prestemos atenção a quem somos, de que e de quem gostamos e outras reflexões mais profundas. Se era esse o intuito da pessoa, deu certo comigo.