Visita especial

 

Olá, meu amigo Carlos!

Agradeço o carinho da lembrança em enviar-me tão distinta visita! Adorei o nosso amigo em comum, o Sapo – pelo menos o achei muito parecido com um espécime daqui!

 

Deixe-me explicar ao caro leitor dessa missiva. Meu querido e saudoso amigo português – que já passou pela transição –, Carlos, dia desses, recebeu a visita de um amigo intergaláctico e resolveu socializar essa amizade com alguns terráqueos, haja vista o visitante, depois de conhecer as terras lusitanas, entediou-se de um jeito que Carlos o mandou para o Brasil.

Não sei se mais algum brasileiro teve o privilégio de, assim como eu, hospedá-lo por alguns dias. Continuarei a carta a meu amigo, e o leitor conhecerá um pouco do que foi tão inusitada visita.

 

Fiquei deslumbrada com a alegria dessa criaturinha.

Não consegui localizar com exatidão de que parte do Universo se originou nosso amigo, mas não me importo com isso. Desfrutamos a convivência de dias maravilhosos!

Como bem sabes, moro no Nordeste brasileiro, especificamente na cidade de Mossoró, Rio Grande do Norte, onde o sol brilha nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano, fato este que me levou a crer que o Sapo, vem de alguma galáxia onde o sol também é o “astro-rei”, pois jamais vira tamanha e tão rápida adaptação climática!

Acreditas que ele, em nenhum momento, reclamou do calor? Embora, sempre que eu descuidava, lá estava ele na piscina. Saiu daqui bronzeadíssimo!

Bom mesmo foi no fim de semana em que o levei à Praia da Ponta do Mel. Nossa! Ficou maravilhado com a vasta área litorânea do nosso Estado e suas belezas naturais! Só não gostou muito da água salgada do mar, mas, em compensação... se deleitou com a água de coco verde!

Tive dificuldades em trazê-lo de volta à cidade.

Aproveitei, no caminho, para mostrar-lhe uma das muitas salinas da região, bem como os cavalinhos – extratores de petróleo –, duas das fontes econômicas da cidade. Daí foi uma longa história, pois tive que esclarecer o que sei, sobre o sal e o petróleo. Quando avistou os tanques de sal e os morros, pensou que fosse neve e arrepiou-se todo – acho que ele não gosta do frio… ou de sal. Com muita calma fui explicando que não era neve, mas, sim, sal. O coitado continuou apavorado do mesmo jeito! Percebi um certo alívio à medida que íamos nos distanciando da salina.

Na estrada, assim como eu, pareceu gostar principalmente das borboletas. De quando em vez, esticava a sua imensa língua até o para-brisa – acho que na intenção de alcançá-las.

Outro momento marcante foi mostrar e convidá-lo a provar de nossa culinária tão específica. Adorou o nosso cafezinho brasileiro, a tapioca, a paçoca de carne de sol com arroz de leite, pamonha, canjiquinha etc. Mas, acredita, não deixou mosca alguma chegar nem perto da mesa. Por que será? (Risos)

O interessante mesmo foi colocá-lo diante do linguajar aqui do Nordeste.

Se ele teve alguma dificuldade com o seu “português”, não sei. Entretanto, temi por esse momento, pois o nosso “nordestinês” difere, e muito, de outras regiões. Como já sabes, o tamanho continental do nosso país faz com que haja diferentes formas linguísticas.

A princípio, percebi certa dificuldade na comunicação, mas, depois, já estava muito melhor que eu, moradora daqui há 37 anos – hoje, quase quarenta e quatro.

Aprendeu a dançar forró e xaxado em “dois palitos”; e, tem mais, todo mundo querendo dançar com ele!

Não foi fácil me despedir do meu mais novo amigo e hóspede, porém prometeu voltar!

Enfim, meu amigo Carlos, adorarei a indicação e, sempre que receberes visitas desse naipe, pode me mandar, que as receberei de braços abertos! Aliás, adoraria a tua visita também!

Adoro o inusitado!

 

Assim terminei a carta ao querido Carlos, amigo leitor. Realmente é muito bom poder mostrar o que de belo temos aqui nas terras potiguares. E você, como receberia esse amigo Sapo? Espero que com carinho.

Bem, já se faz tarde, a noite chegando, ouço um coaxar ao longe. Serão amigos do meu visitante Sapo dizendo que está com saudade? Também estou, também estou...