Resto do copo
Um amigo numa visita comentou que deveria escrever sobre variados temas.
Se avizinha o aniversário de 60 anos do dia que nos causa vergonha por que sabemos do pesadelo desse período e que os desinformados e portadores de desvio de caráter comemoram. Preciso me guarnecer de mais informação para fundamentar um artigo sobre o assunto. Como detenho uma cadeira em instituição ligada á Cultura, o texto que dá base á reflexão é relativo à um músico. O texto traz o relato sobre documento do Serviço Nacional de Informações (SNI), sobre um álbum de Milton Nascimento.
Ao lançar o disco, o músico comprou uma briga com o ditador da vez “ Emílio Garrastazu Médice”, pois tratava de tema nevrálgico do sistema político da época (sempre).
Mesmo “atenuadas” por uma versão instrumental das músicas, a sociedade, sentiu na pele, o que não foi vocalizado.
A Cultura, como forma de expressão popular sempre teve seus meios observados. O músico figurou nos relatórios da instituição desde 1968 por participar de show tido como “subversivo”. Na verdade, bastava falar de direitos era carimbada a “pecha”.
Na Reportagem Especial, ”Afasta de mim esse cálice”, de Gabriel de Sá do dia 9 de junho de 2023 no jornal Estad de Minas, sobre os 50 anos do disco
“Milagre dos peixes”.
O Resto do copo, é uma reflexão sobre aquele tempo e o atual. Muitas respostas que não foram dadas, muitas atitudes que foram relegadas, muitas injustiças silenciadas. Nos perguntamos, muitos erros de hoje não são reflexos da falta de solução jogada no esquecimento? Pessoas se supondo heróis por marcharem, quebraram, destruíram o que é de todos? Que civilidade é essa? Se discordam, devem morrer? Tenho reservas à obediência sem questionamento. Antes de tudo o todo deve prevalecer. Não há o que relembrar nessa triste data de fim de março. O que deve ser rememorado é a dor dos que se rebelaram, a memória dos que foram calados, o respeito e a reverência dos que agora têm voz e lugar de homenagear.