LEMBRANÇAS DE MINHA TERRA
Ontem, 26 de março de 2024, liguei para um amigo, das antigas, o Rui Brilhante Nagipe, de Rosário do Sul, para pedir notícias de seu irmão mais velho José Brilhante Nagipe- Juca- por solicitação de uma amiga em comum que me procurou na esperança de que eu soubesse , dele ,alguma coisa.
Como não tinha o telefone do Rui eu me utilizei do Aplicativo Messenger que permite ligar-se para pessoas cujos telefones não sabemos.
Para minha surpresa, ao primeiro toque, a chamada, foi atendida com um tradicional e rosariense – Boa Tarde à suas ordens.
Imaginando que ele não soubesse quem eu era, depois de cinquenta e quatro anos ausente de Rosario do Sul e de todas as minhas relações fui dizendo:
Aqui quem fala é Erner Machado, sou de Rosario do Sul, estou me apresentando porque acho que o sr. não se lembra mais de mim e consequentemente não sabe quem eu sou.
Recebi como resposta, imediata:
-Claro que eu sei ! Tu és o Tunico que trabalhava, desde muito novo, no Banco da Provincia.
Eu leio os teus textos sempre que os publicas. Como que tu estás de saúde ?
Fui tomado de uma alegria, uma satisfação e uma gratidão, sem medidas, e com voz embargada e os olhos lagrimando lhe disse que estava bem e lhe informei o objetivo de minha ligação que, de pronto, foi atendido sendo-me fornecido o contato telefônico do meu amigo Juca.
Depois perguntei como ele estava de saúde fui informado que ele estava bem, mas, complementarmente, me disse que o seu irmão, o Tôco Nagipe, não estava muito bem.
Foi acometido de doenças próprias da idade.
Agradeci a gentileza da informação mandei-lhe um abraço com votos de saúde e desligamos.
Quem me conhece sabe que, após desligar, eu fiquei meditando sobre o ocorrido e me encontrei, guri com 14 anos, limpando e encerando com Cera Parquetina, o piso do Banco da Provincia, fazendo cafezinho, indo comprar cigarros para o seu Luiz Perci Denardin, nosso gerente, atendendo as ordens do seu Eli Pedroso, nosso contador e, ao final do dia, me reportando para o seu Pedro D´Andrea Neto, nosso Chefe de Serviço e lhe dizendo que, todo o trabalho do dia tinha sido feito e lhe perguntando se eu podia ir embora, caso ele não tivesse mais algum tarefa para eu fazer.
Dali eu saia, a passos largos, pois tinha que chegar em casa, tirar o uniforme de continuo, tomar um banho, comer alguma coisa e às 7:30 estar no Plácido de Castro, onde eu cursava a quarta série ginasial.
A conversa com o Rui Nagipe e sua lembrança de mim, trabalhando, no banco da Provincia, teve o condão de me conduzir para os meus tempos de adolescência e dar graças a Deus, pelos amigos que tive e pela minha familia, pobre trabalhadora e honrada.
Me lembrei de meu pai trabalhando na Cia.Swift , de minha mãe costurando e fazendo doces para meus irmãos menores, me substituindo na tarefa, vendê-los pelas ruas de minha cidade.
Dei graças, principalmente, ao meu saudoso e querido Banco da Provincia que me ensinou conceitos de honradez, de zelo pelo patrimônio alheio, de honestidade de respeito, de profissionalismo, de relacionamento interpessoal e de honestidade.
Ensinamentos estes, que carrego comigo, para sempre.
Que momento, que alegria de ao falar com o Rui, poder me lembrar dos tempos duros mas, espetaculares nos quais eu meus irmãos e minhas irmãs através do trabalho e do estudo mesmo, que não tenhamos chegado a completar universidade, conseguimos a felicidade de nos construirmos como homens e mulheres de bem, trabalhadores e honestos e tenhamos, cada um de nós, construído ,com o mesmo sacrifício de nosso pai e de nossa mãe, boas famílias formadas por homens e mulheres trabalhadores, honestos, honrados e de bem.
Obrigado amigo e conterrâneo Rui, por teres me feito avivar estas recordações que fazem parte da minha vida e da minha história, em Rosário do Sul, e que me acompanharão e que estarão, para sempre, comigo nos lugares onde cumpro meu exilio voluntário, sem nunca me esquecer de quem eu fui e de onde vim...
(Recanto da Ana e do Erner 26.03.24- Capão Novo)