Entre Sem Bater - Escravidão Política

Antonio Gramsci disse:

"... o primeiro passo para se emancipar da escravidão política e social é libertar a mente ..."(1)

Gramsci era um daqueles filósofos e pensadores que são muito adiante de seu tempo. É provável que quando utilizamos este tipo de definição estejamos subvertendo a importância histórica desse pensador. Contudo, podemos afirmar que ele tem todos os argumentos para falar de sintomas mórbidos(1) e da escravidão política que vivemos.

ESCRAVIDÃO POLÍTICA

Gramsci não foi um escravo no sentido que a história narra nas relações humanas. É provável que ele experimentou e sofreu as consequências pela frase que proferiu. Talvez, por ter a mente livre, conseguiu se manter longe da escravidão política e ser um preso de regimes tirânicos.

O marxista italiano nos convida, com suas frases, a uma reflexão profunda sobre a relação entre emancipação mental e a escravidão política. Analogamente, no Brasil, a dependência social e política se perpetua há décadas, o que torna o problema mais relevante.

O PODER DA EDUCAÇÃO

O contexto que Gramsci avaliou reproduz-se no Brasil e a educação é algo que os tiranos temem e boicotam. Por isso, a escravidão política, a troca de favores ou as migalhas dos déspotas e oligarquias, prevalece.

A educação é a chave que abre as portas para a emancipação da mente e tem na preguiça mental(2) um adversário cruel. Com toda a certeza, é através dela que o indivíduo desenvolve o senso crítico, a capacidade de questionar e de interpretar a realidade. Em outras palavras, é somente através da educação que se constrói a autonomia intelectual do cidadão. Esta autonomia é fundamental para romper com as amarras da manipulação e da subserviência.

A CRISE DA EDUCAÇÃO

Darcy Ribeiro escreveu que "A crise da Educação no Brasil não é uma crise; é um projeto". Decerto, nunca houve uma frase tão certeira como esta sobre a educação, desde que aqui aportaram os colonizadores. A educação era para aqueles que pertenciam às oligarquias. E ainda existem pessoas que são contrários a uma revisão das oportunidades educacionais igualitárias.

E, como se não bastasse, o boicote em todos os níveis educacionais são constantes, numa situação geral desanimadora.

REVISIONISMO

No Brasil, a educação precisa de revisão e reestruturação para que cumpra seu papel emancipador. Surpreendentemente, um dos maiores estudiosos(*) praticante do assunto é alvo do ódio de muitos neófitos e estultos.

Por isso, é mais do que necessário superar o modelo tradicional, feito com base na memorização e na passividade. A alternativa deve ser um repensar a educação para construir um sistema que incentive a reflexão crítica, a criatividade e a participação social.

Assim sendo, os tópicos a seguir, sob desprezo constante, devem entrar na pauta de todos os cidadãos:

* Pensamento crítico: Educar os alunos para questionar as informações que recebem. Orientá-los para buscar diferentes perspectivas e a formular suas próprias conclusões.

* Pedagogia da Autonomia: Incentivar os alunos a serem protagonistas de cada etapa de aprendizagem. Deixar que tomem decisões e sejam responsáveis por seu próprio desenvolvimento e efeitos.

* Cultura e a História: Proporcionar aos alunos o conhecimento amplo de suas raízes e da história do país. É essencial que, desde o ensino básico, compreendam o presente em função do passado. Por isso, é necessário debater sobre racismo, preconceito, diferenças e outros temas.

* Participação Social: Formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres diante de seus espaços comunitários. O engajem na vida política e social como, por exemplo, questões ambientais e outras de cunho coletivo.

OBSTÁCULOS À EMANCIPAÇÃO

Com toda a certeza, infelizmente, o individualismo e o egocentrismo são obstáculos reais à emancipação da mente. A sociedade brasileira, com suas profundas desigualdades sociais, privilegia o "sucesso individual" ao coletivo. Essa postura impede o desenvolvimento de uma consciência social crítica e dificulta a luta por mudanças estruturais.

Desse modo, precisamos reconhecer, e superar, o individualismo que cada um carrega desde a educação de berço. Sem dúvida, isso implica em muito desprendimento e em:

* Valorizar a cooperação e o trabalho em equipe: Reconhecer que o sucesso individual é efeito do esforço coletivo.

* Desenvolver a empatia e a compaixão: Colocar-se no lugar do outro e compreender suas necessidades e dificuldades.

* Lutar por justiça social: Combater as desigualdades que impedem o desenvolvimento pleno de todos os indivíduos.

EMANCIPAÇÃO

A educação para a emancipação é o início do fim da escravidão política e subserviência ideológica. Somente através da educação, podemos libertar a mente das amarras da ignorância, da manipulação e da subserviência. Inexiste, com toda a certeza, qualquer sociedade livre e igualitária sem capacidade crítica.

A emancipação da mente é um processo contínuo e que exige o engajamento de todos, com eterna vigilância. Educadores, estudantes, pais, governantes e toda a sociedade civil pensar e agir nesta direção. Por outro lado, as redes sociais atuam no sentido contrário e muitas pessoas imaginam que vão triunfar no individualismo.

Enfim, as ideias e os ensinamentos de Gramsci devem servir para uma educação libertadora e o fim da escravidão política.  Assim sendo, será possível romper com as cadeias da dependência social e política e construir algo verdadeiramente livre.

"Amanhã tem mais ..."

P. S.

(*) Paulo Freire tem reconhecimento internacional na educação, entretanto, as pseudoelites tupiniquins o odeiam.

(1) "Entre Sem Bater - Gramsci - Escravidão Política" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2024/03/27/entre-sem-bater-gramsci-escravidao-politica/

(2) "Entre Sem Bater - Gramsci - Sintomas Mórbidos" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2023/03/16/entre-sem-bater-gramsci-sintomas-morbidos/

(3) "Entre Sem Bater - Liz Hurley - Preguiça Mental" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2023/03/10/entre-sem-bater-liz-hurley-preguica-mental/