FOI-SE O TEMPO
Em tempos em que as lembranças vão assumindo o vazio da realidade, os bancos das praças são os divãs em que os vultos do passado assumem a forma dos quadros em preto e branco expostos na mente. Assim como os poucos devaneios que despertam as emoções parecidas como a leitura de um livro em que voltamos algumas páginas para dar forma ao contexto. Tem sido assim nessa Semana Santa. Num repente vem as recomendações dos mais velhos: Não andar sem camisa, não gritar, nada de brigas, o rádio com volume bem baixinho... A partir da quinta, nada de varrer a casa, muito menos coser as roupas... O almoço era reverente, carne nem pensar... Mas, tinha a canjica com amendoim e o cuscuz... Sexta-feira Santa ao meio dia, todos em casa. Um silêncio respeitoso apontava para a Morte do Salvador. Um gole de vinho, lembrava o Sangue vertido e um bocado de pão, sua carne triturada por nossos pecados.
Costumes. Tradições. Reverências.
Com o passar do tempo, e das pessoas, as coisas mudam... Ficam as lembranças... E a saudade, dos que já não estão...
O que nos resta é ouvir a poesia silenciosa do tempo... E a melodia suave do vento... Até o dia do adeus.