Conheço o meu lugar - A invenção da tradição arraigada pelo poder da terra.

Elite parasitária. Elite oligárquica.

Antes, terras prósperas e abundantes, as mais avançadas das capitanias em produções.

Terra oligárquica, dos pactos familiares de planos de cargos e carreiras.

Compra-se um título e o dono de terra vira Coronel

Movido as posses…

Coronel vira governador.

Do governo gera-se a aristocracia medieval.

Minhas terras, meu terreiro, meu terraço. Meu.

Você não pode querer o que não é vivo, o que não é de plantio. Estratégia política de destruição de interesse.

No nordeste abunda a seca, no nordeste não vive gado, no nordeste só se vive de cana;

No nordeste não tem água

Aqui se bebe água de cacimba, as ruas são de terra batida

Cuidado!

Carroças podem atropelar!

Atenção ao cavalo!

A ideia de regionalização do nordeste através da perpetuação da imagem atrasada e estagnada da década de 20, criada pela estratégia política dos grandes donos de terras, escritas e disseminadas pelos escritores/pensadores sociais da época, a fim de manter o poder.

Dominação familiar, dominação elitizada, construção idealizada. Tradições construídas e originalidade apagada.

“Cadê os índios?

— Eu engoli!

E os negros?

— Eu adestrei!”

Nordeste não avança!

No nordeste não se planta!

Caminhão pipa para o sertão, tira a seca de lá.

Tira a seca de lá!

No nordeste só tem chapéu de couro, farinha e sede. Não se mede, não se cabe.

Uma rezadeira aqui, uma igrejinha ali

Meu avô era índio e meu irmão é Negro, mas não sabiam votar, não podiam escolher, tinham que ser mandado. 3 raças.

Cabresto neles!

Eles podem fugir.

Essa construção da imagem nacional, da formação social desse Brasil, pensada na identidade nordestina é a construção de um ideal criado na república oligárquica, da qual não se tem um desenvolvimento.

Não tem prédio, não tem shopping, não tem água, não tem cinema.

E, não poderia vir a ter.

Imagem criada pelas elites para perpetuar sua força nas terras, perpetuar seu cabresto.

Tudo ali é mandado, controlado, diagnosticado como sendo um curral.

Quintal de quem manda, de quem tem o poder.

Corre!

Corre ou tu vai perder o bacurau, visse?!

Imaginário passado de gerações em gerações, baseada em Êxodo rural e oportunidade de desempregos.

“A vida só funciona em São Paulo!”

Barbárie regional premiada, especulada, reinterpretada.

TV aberta. 2021. O nordeste é uma região sofrida, de pessoas batalhadoras, sofredoras.

Engole-se tudo com farinha.

Claro!

Sugadas por parasitas elitizados usando ternos de linho, com seus escravos e suas plantações de cana.

Nos resta a imagem do homem bruto, mulher ágil.

Homem nordestino não chora, não dá um abraço, mas é trabalhador braçal.

Macho.

Mulher dona da casa, trabalhadora e mãe;

acolhedora e bruta; mulher macho.

A fundamentação da identidade regional.

Inspirado no livro 'A invenção do Nordeste', de Durval Muniz, para uma atividade livre na Disciplina de Filosofia do curso de graduação em Serviço Social.