odeio quando xingam alguém de 'pastel'. Injustíssimo. Uma malvadeza para com esta gostosura.

Amo o pastel caseiro.

Meu pai era supremo na arte do pastel. Minha mãe preparava a massa e a entregava ao meu pai para 'meter a mão' - na massa ... dobra, abre, dobra, abre (havia o cilindro, a máquina que servia para cortar a massa para macarrão também, o fidelinho).

 

A tira de massa é esticada na mesa e começa a próxima etapa - colocar o recheio, geralmente carne moída. Cabia a minha mãe prepará-lo também. Ficava úmido, sem esfarelar, porque minha mãe amassava uma batatinha cozida incorporando no molho da carne.

Acho que meu pai metrificava a distribuição do recheio, mantinha a mesma distância entre os montinhos de recheio e a mesma proporção na quantidade. Preenchida a tira, era dobrada cobrindo o recheio, em seguida a Operação Carretilha, o instrumento para cortar em meia lua formatando os pasteis, a outra ponta da ferramenta era usada para fechá-los, aparentava uma costura.

 

O meu pastel favorito deveria conter uma azeitona preta com caroço - pra ser cuspido ...

 

Domingo era dia de pastel, carne assada recheada com cenoura e bacon, macarronada com o molho feito com o caldo da carne assada, frango assado, maionese, farofa de ovos, feijão tropeiro, tutu de feijão, salada de alface e tomates, arroz branco e arroz-de-forno. Um pavê de biscoitos e pudim de leite 'moça' como sobremesas.

 

Eu odiava aquela mesa repleta de comida acomodada nos 'pirex'. Cabia a mim lavar a louça (pratos, pratinhos e pirex + copos e talheres e as panelas. Ainda limpar o fogão.

Para mim os pasteis bastavam.

 

Hoje em dia gosto de cozinhar, escolho um cardápio simples, uso poucos utensílios. Mas, tudo diferente agora. Não mais almoços em família. Ninguém tem horário pra comer.

Eu não frequento restaurantes 'self service'. Ver aquela exposição de comidas me causa enjoo.

 

Voltando ao assunto do pastel.

 

Soube que teve origem na Pérsia, hoje Irã. Especialidade dos chineses atualmente. Pastel de feira, no Brasil.

 

O pastel, acompanhando o caldo de cana ou garapa, é uma delícia.

 

Eu pretendia falar mais sobre o pastel, mas deu vontade de comer pastel.

 

Ainda bem que tem na geladeira um rolinho de massa pronta. Recheios de queijo e banana. E o que tem pra hoje. Carne moída tem que descongelar. Bateu preguiça.

Saudade do meu pai, não é preguiçoso, se estivesse vivo, já teria feito um cesto de pastel para mim. Te amo, pai.