CINE LIDO

 

Há tempos eu não ia ao centro da cidade, porém ontem, necessitando comprar uma boa faca de corte para uso em minha cozinha, peguei um Uber e lá fui procurar esse artigo que não encontrei no comércio de meu bairro.

 

Andei pelo centro velho, Praças Tiradentes e Generoso Marques e fiquei muito entristecida ao ver a decadência desses lugares que outrora foram tão bonitos e muito frequentados em minha juventude. A Praça Tiradentes, a mais central de Curitiba, em frente à Catedral, hoje mais parece um condomínio de imigrantes e brasileiros pobres e desvalidos. Ali habitam alguns vindos das mais diversas regiões, haitianos, africanos, venezuelanos e outros mais. Passei pelas Ruas São Francisco e Riachuelo, outrora pitorescas, hoje reduto de traficantes  e consumidores de drogas, pedintes, prostitutas que, ali ficam sentados às portas de bares e lanchonetes de baixa categoria, feios, encardidos, sujos. Quem frequenta esses lugares? Os moradores de rua, os deserdados da sociedade. Há também pequenos hotéis mal afamados que alugam quartos para a prostituição. Duro é para as pessoas que ainda moram em alguns dos poucos edifícios residenciais que restam e teimam em existir na área.

 

Triste, desolada fiquei ao passar em frente ao Cine Lido, na esquina das Ruas Riachuelo e Alfredo Bufren. Quando jovem frequentei esse cinema e nele assisti a filmes memoráveis. Vejo-o ainda hoje com o nome em letreiro vistoso acima da marquise e na porta de vidro, totalmente abandonado, sujo, vidros quebrados, pintura descascada. Uma lástima!

 

Nosso prefeito, Rafael Grecca, até que se esforça para revitalizar o centro. Assim que assumiu seu segundo mandato, mandou lavar a Rua XV de Novembro. Adianta? O cheiro de fezes e urina persiste. A Pandemia foi o golpe de misericórdia para muitos dos lojistas da região, que fecharam as portas de seus estabelecimentos por absoluta falta de fregueses. Agora, são tantas as lojas com as portas de ferro cerradas e com placas de aluga-se ou vende-se, como nunca se viu antes. Também não há uma fachada sequer sem pichação. Os lojistas e compradores preferem os Shoppings, onde se paga aluguel e condomínio caros, porém há segurança.

 

Será que ainda há uma remota chance de o centro voltar a ter o antigo charme? Infelizmente, fiquei desesperançada pois sei que esses problemas não existem só aqui. Todas as grandes cidades brasileiras enfrentam os mesmos desafios. Em algumas, estes são até piores. Aqui não temos uma Cracolândia, por enquanto...


 

Aloysia
Enviado por Aloysia em 23/03/2024
Reeditado em 27/03/2024
Código do texto: T8026250
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