TINHA UM SEMÁFORO NO MEU CAMINHO!

 

Valdi  Rangel

 

Caminhei, mas, não cantei, e não segui a canção que tanto eu já ouvi. Eu optei por caminhar livre, mesmo recheado de pensamentos que me prendiam a coisas e fatos da minha vida!

 

Nas ruas desertas dessa manhã eu me abstive do mundo que me cercava, deslizei por ruelas, revisitei os lugares por mim, já conhecidos, e dei passos lentos, passadas vagarosas, de saudade, nas ruas de minha infância.

 

Tudo me parecia, está no seu lugar, no seu devido lugar, como dizia aquela canção! Mas não estava não!

A rua onde eu morei, agora era outra, as casas que eu conheci, a casa onde eu nasci e morei por algumas décadas, já não estava mais lá.

 

O passado, o meu passado, foi totalmente removido ou reformado, na esquina onde eu me reunia com os meus colegas de adolescência, agora, haviam placas comercias e de sinais de trânsitos, na outra esquina um semáforo foi instalado, uma lombada implantada, faixa de pedestres pintada, e uma placa de pare, foi então que eu me toquei, parei a minha caminhada por alguns momentos, deixei alguns veículos passarem e fiquei triste, em não puder mais caminhar livremente na minha antiga rua.

 

Atravessei a rua, dobrei na primeira esquina, onde havia antigamente uma grande mercearia, segui em passos acelerados, para mais uma jornada diária, que a vida adulta, me obrigava a fazer, dei uma última olhadela para trás, e vi uma luz vermelha, uma espécie de farol, que ordenava que eu parasse as minhas lembranças...