o tempo bom, não volta mais ...

 

o pipoqueiro com sua carrocinha cheirando a querosene.

a amolador de facas e tesouras com sua enorme roda de amolar e o som triste, parecendo a gaita escocesa.

o padeiro, com sua bicicleta e o cheiro de pão fresquinho.

o funileiro, na esquina, desamassando panela ou colocando os cabos.

o vendedor de bijus crocantes com sua matraca de madeira.

o leiteiro, deixando a garrafinha na porta.

o jornaleiro, idem.

o carteiro suando em bicas.

os moleques, tocando a campainha do portão e correndo

o vigilante da rua com seu apito 'tudo bem'

o vendedor de gás, com sua musiquinha irritante

o badalo dos sinos ás 18 horas.

os radinhos de pilha, no ônibus, musicas altas e horrorosas.

os cinemas de rua, os baleiros com seus cestos de balas.

os circos mambembes .

os velórios nas casas

os carros dos recém-casados arrastando as latas pelas ruas

os apontadores do jogo-do-bicho nas calçadas.

a esponja de bombril nas antenas de TV

o programa A Voz do Brasil nos lares .

As vendinhas de secos e molhados

a carne embrulhada em papel, bem como os sacos de pão - tudo é plástico, ou isopor, agora

a caderneta escolar carimbada com a presença ou ausência

os desfiles de 7 de setembro e as fanfarras

as procissões

os blocos de sujos, no carnaval de rua e o lança perfume de embalagem metálica

os drops de anis

o Simca Chambord e a Wemaguete, a RuralWillys

 

etc. etc.

 

tempo bom