Poesia do Cotidiano
Na penumbra do entardecer, entre o tilintar dos talheres e o aroma acolhedor do café, encontrei a poesia do cotidiano. Era ali, na simplicidade da mesa posta, que os pequenos gestos se entrelaçavam como versos de uma canção antiga.
Os passos cadenciados na cozinha ecoavam como notas musicais, harmonizando-se com o crepitar suave da panela no fogo. Era a dança silenciosa da rotina, onde o amor se revelava nos detalhes singelos: um sorriso cúmplice, um olhar de gratidão, uma mão estendida em gesto de ternura.
Na janela entreaberta, a brisa sussurrava segredos da rua movimentada, enquanto lá fora a cidade pulsava em ritmo frenético. Mas ali, naquele instante de calmaria, o tempo parecia suspenso, como se cada segundo fosse uma estrofe a ser apreciada com reverência.
E assim, no aconchego do lar, descobri que a verdadeira poesia reside nos momentos simples, nas conversas despretensiosas, nos abraços apertados. Pois é no cotidiano, na rotina que se repete dia após dia, que encontro a essência da vida, permeada pela beleza singela que só os olhos sensíveis de quem ama podem enxergar.