Trágico
De tarde sentado em frente à tela lendo um artigo geopolítico sobre acontecimentos além-mar, um raio ilumina o recorte de céu que aparece na minha janela precedendo o estrondo de um trovão e uma chuva torrencial. Paro a leitura e vou conferir o fenômeno meteorológico por curiosidade.
Do meu campo de visão consigo pegar um ângulo relativamente amplo da encruzilhada da travessa de casa com a rua em qual há uma boca de lobo; a água veio de uma vez. A valeta parece um igarapé. Um ciclista tenta se apressar e chegar logo ao seu destino tentando desviar dos obstáculos em forma de lixo que escoam através das sarjetas.
Do bueiro uma ratazana coloca o focinho pra fora, provavelmente tentando se salvar de afogamento, e tenta atravessar a via. Não dá tempo, uma caminhonete passa com pressa na esquina partindo o roedor em duas metades. A correnteza leva as vísceras do bicho valeta a baixo.
Meia hora depois o tempo está claro e o asfalto limpo.