ALMA. CORPO. DUALIDADE. LIVRE ARBÍTRIO. CULPA.
Nunca vou parar de perguntar onde estamos e por quê? Em vão, mas não posso me reduzir ao unicismo doutrinário de ver com um só olho. Nem unicismo nem dualismo, mais e muito um credo Spinoziano. Enche mais os pulmões de santidade que não queremos, não temos e nunca teremos; mas batemos nas portas da interrogação que aflige a humanidade. Vemos em muitos personagens históricos esse posicionamento. Vive-se mais de forma plena pela caminhada da busca, saciadora, do que por seu objeto. Só se satisfaz aquele que ao menos tem pequenos ganhos. Sem isso, morre-se de vez.
Religiosos dirão que é falta de fé em um Criador Maior. Os mais aparelhados arguirão ser falta de informação, de percepção mínima, ausência de leitura e estudo. O pior é que sabemos de tudo isso, desses comportamentos que tangenciam a obviedade. Mas quem pergunta quer saber por não saber, sabendo que nunca saberá; um pouco de infantilismo que nunca superamos. E quem não sabe se vê soprado pela ventania da inalienável curiosidade espiritual de asas curtas que querem alçar voos impossíveis; e tem mais de dois caminhos, flana na percepção conceitual sem lógica consolidada, mas exercível no leito de fragmentos que não se juntam, ou se entrega à nuvem da proteção acreditada e forte, de algo ou algum lugar, mas incompleta. Nem fica nas asperezas que arranham a percepção e muito menos na ufania de conquistas inexistentes.
O sistema causal formal pela dicção dos cientistas dirão: mas isso é hipocrisia, ou você abraça uma causa e a ela se entrega de corpo e alma, ou não; renuncie a credos não formais se persistem dúvidas, diz o sequioso de certezas.
Mas a única certeza que temos e precisa ser aceita é a incerteza, a insegurança. Só assim se terá a paz da fé.
Seria destinação só de arbítrio a inclinação para a fé, sem maiores questionamentos, ou chamamento privilegiado de alguns por quem enviou todos?
O papa Francisco revelou para um amigo de longa data, Michele Ferri, ter sentido "medo de morrer" antes da última internação, ocorrida entre os dias 29 de março e 1º de abril, mas é um Papa que nada em controvérsias. Teria dúvidas do que vai encontrar? Todos têm.
Quem tem medo nessa posição em que está, Papal, carrega o espectro gigante da vulnerabilidade. Que diremos nós?
A única certeza que tenho é que duvido, e se duvido penso, e se penso existo.
“É assim que Descartes analisa como verdadeira a frase “Penso, logo existo”. Para ele essa é uma afirmação clara e distinta, sem nenhuma obscuridade ou confusão, pois, é impossível alguém dizer que pensa, sem simultaneamente se dar conta que existe. Se existe nasceu de algo mais que dois gametas, eles são a indagação mais forte das causas de suas existências. Assim, Descartes confirma categoricamente a dicotomia corpo-alma. Conclui, no entanto, por eliminação, que é mais importante a alma (pensamento), pois é possível imaginar-se pensando sem um corpo, mas não o contrário, pois senão, já não se seria ser humano, mas coisa. A essência do homem é portanto, sua alma. É dela que devemos cuidar, uma chave permanente da eternidade de onde, sem dúvida alguma viemos de algo que persiste pela infinitude da finitude que carregamos, e para onde vamos.
Renomado neurocientista que não acredita em livre arbítrio, de forma revolucionária, diz: 'Somos a soma do que não podemos controlar'
Sapolsky é professor de biologia e neurologia na Universidade de Stanford, nos EUA. Crê que habitamos sociedade formada sob a égide da culpa, para que as pessoas a carreguem e não a possam controlar. Firma na inexistência de não existir o livre arbítrio, o que poderia ser libertador.
Para ele, o livre arbítrio é uma ilusão. Nem é ilusão o livre arbítrio, pois inexistiriam regras comandando a sociedade, e se assim fosse, ele não poderia estabelecer sua tese, estaria na fogueira da idade média, e nem a sociedade nasceu sob culpa como no pecado original, puro romance.
Sua posição é minoritária entre pensadores contemporâneos.