Educar a Ação - Ressignificação

CRESCER O SER

O mundo acabou em 2012 (textos meus falam sobre isto ontem e amanhã) e, inquestionavelmente, ainda estamos numa transição. Na condição de educador, mesmo que não esteja numa cátedra tradicional, adoro, por dever de ofício, provocar debates. Certamente, atividades onde profissionais multidisciplinares apresentam perspectivas diferentes são pedagógicas. Desse modo, podemos ver diferentes visões do mundo, da sociedade, da escola. Acrescente-se que, é tarefa de todos e deveria nortear não somente educadores, numa espécie de ressignificação.

EDUCA A AÇÂO

Participei de uma atividade destas (Educa a Ação) em que o Ser recebe uma análise com diferentes olhares. Muitos aspectos transcendentais e psicanalíticos, sem dúvida, não me seduzem neste contexto objetivo de educar. Admito que sou um tanto quanto cartesiano, cético e outros atributos que muitos avaliam como execráveis. Entretanto, quando têm origem na crítica à pessoa, inclusive por profissionais que não deveriam agir assim, eu não recuo. Por outro lado, como defendo esta mixórdia de pensamentos, a ressignificação do debate, do repensar a educação serve para avançar. Com toda a certeza, sempre saímos com pensamentos melhores do que antes de qualquer debate com gente inteligente.

Contudo, reafirmo que o mundo acabou em 2012, como previram os Maias, e que os próximos anos, com estas redes sociais, serão terríveis.

A maioria dos textos que venho publicando ousam responder a muitas das indagações e opiniões colocadas no “Educa a Ação”. Pode parecer pretensioso e, efetivamente, é, mas termos como ressignificação são mais do mesmo. Em outras palavras, parecem muito com a necessidade de mostrar algo de novo onde não tem nada de inovação.

Entretanto, o que mais me incomoda é que as opiniões são sempre certas e os caminhos fáceis. Os diagnósticos são precários, parciais ou tendenciosos e, raramente, se procura uma verdadeira ação. Parece que sempre o outro deve agir, seguindo manuais retóricos.

REPENSANDO A EDUCAÇÂO

Sou profissional originário da tecnologia. Minha mãe, educadora, e meu pai me deram a liberdade de ter minha opções. Portanto, não da linhagem de "escolher" a profissão do pai ou que receber pressão para ser o que eles (pais) achavam melhor. Da mesma forma, transmiti esta concepção, sem nenhuma culpa cristã, para meus filhos.

Assim sendo, tenho uma percepção diferente sobre atividades como a "Educa a Ação". De fato, aparecem palavras velhas e novas, com ressignificações e contextos diferentes, o que tolhe a possibilidade de repensar a educação.

Como sou cartesiano, busco, sempre a cada atividade ou projeto, o equilíbrio entre o significado das palavras em cada contexto. Defendo a teoria de que o conhecimento avança à medida que conceitos e fundamentos apresentam equilíbrio.

Paulo Freire, que, atualmente, sofre apedrejamento virtual, quando diz que "não tem sentido pedir uma criança para somar "2 maçãs + 5 peras". A teoria e a prática indicam que ela, certamente, se nunca viu maças e peras, não possui capacitação de qualidade. Ela não conhece os objetos, não aprende a somar e qualquer processo de ressignificação é inútil.

EDUCAR E AS TECNOLOGIAS

Neste contexto, falar de afeto, família, escola opressora, e nossa vida no cotidiano, até a morte, parece-me um tanto quanto fora de propósito. O mundo acabou e as transformações aceleraram nos últimos anos, meses, semanas e horas, educar a ação deveria ser normal em nosso cotidiano. Desta forma, não vou insistir na repetição de eventos recentes com relação a textos do cotidiano. Surpreendentemente, muitos teóricos e até profissionais especialistas fazem questão de não enxergar que a tecnologia superou muitas barreiras.

A questão é simples, IMNSHO (isto é um acrônimo bem petulante, e muito usado por "milênios" e por muitos filósofos. A maioria deles, contudo, inclusive os da atualidade, nem desconfiam da ironia no uso, mas usam e praticam o tempo inteiro. A revolução informacional e tecnológica fez com que muitas profissões deixassem de existir, como existiam até ontem.

Professores catedráticos não existem mais (os que ainda insistem sofrerão expurgos cruéis). O Ensino à Distância (EaD) vai tomar conta de tudo. A falta de conexão entre as gerações que querem estar no comando e as gerações que têm conteúdo e pensam é impossível. Indubitavelmente, os modelos professorais existentes anteriormente estão "pela hora da morte". O comércio do ensino, que a maioria dos pais acha sensacional e paga por ele, vai decair. Os filhos, quando chegam à adolescência, não se tornam rebeldes, eles têm mais informação e conhecimento que os pais conseguem imaginar. A tecnologia já venceu.

RESSIGNIFICAÇÂO

A palavra ressignificação(*)  apresentada num dos painéis me chamou a atenção. A painelista dizia que a ressignificação da Escola, da Família e da Sociedade, determinariam o nosso futuro e uma mudança para aquilo que seremos. Mas onde entra o educar a ação para esta ressignificação?

Acontece que, ressignificação não se faz por aqueles que debatem ou filosofam. Existe um "poder", que os eleitores costumam passar recibo, que atende aos interesses das oligarquias. Aqueles que receberam votos, com perspectivas e promessas de priorizar educação, saúde estão comandando. E, raramente, atuam em nome da decência e honestidade, preferem salvar um presidente golpista e entreguista.

Os protagonistas não querem saber de educar a ação, pelo contrário, defendem, com o voto da maioria, barreiras às questões que discutem as escolas. Muito além de se criticar métodos da escola tradicional, aberta, plural, construtivista etc. deveríamos pensar na ressignificação da sociedade. Decerto, o papel da família, da escola, das tecnologias e inovações determinam o futuro dos educandos.

EDUCAR A AÇÂO

A AÇÃO deve ser de educar e não de filosofar. Enquanto filosofamos, o mundo vai mostrando sinais de que acabou mesmo. Alunos adolescentes pegam a arma dos pais policiais e fuzilam quem faz bullying. Vivemos num mundo em que vigias de escolas infantis vão para uma sala de aula e queimam professoras e crianças.

Esta é a ressignificação de escola, sociedade e família?

Os valores morais e éticos que se perdem no caminho nunca voltam ao normal. Devemos, portanto, agir para fazer com que a ressignificação da educação para adultos, adolescentes e crianças crie um novo normal. Tenho restrições à teoria de que "... cada um fazendo a sua parte, o todo se ajeita ...". Em outras palavras, discordo e a práxis que vemos, no Brasil, indica que "cada um" está preocupado com seu umbigo.

E sem o uso abusivo e agressivo das tecnologias e redes sociais, não passaremos de uma música do Skank. Afinal, "... a nossa indignação é uma mosca sem asas que não ultrapassa a janela de nossas casas... "?

FUTURO

Acredito que estamos doentes por causa do que fizemos e realizamos, e a frase de Jodorowsky resume tudo.

"Pássaros criados em gaiola acreditam que voar é uma doença."

Enfim, a imagem que ilustra este texto reproduz uma contradição que vemos todos os dias e que circula em alguns, pouquíssimos, para-choques de carros.

Conseguiremos, afinal, ressignificar nossas vidas antes do fim do mundo?

P. S.

(*) Método utilizado em neurolinguística para fazer com que pessoas possam atribuir nova acepção a acontecimentos através da mudança de sua visão de mundo. (Dicio.Com Internet)

(1) "Educar a Ação - Ressignificação" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2017/10/29/educar-a-acao-ressignificacao/