SEMEANDO O FUTURO: A Revolução da Juventude na Agricultura

 

Moacir José Sales Medrado[1]

 

Esta é mais do que uma crônica; é um convite para reconhecer e celebrar o papel vital dos jovens na construção de uma agricultura brasileira mais inovadora, sustentável e inclusiva. Eles não são apenas o futuro do campo; são o presente, atuando como verdade. Não é uma revolução marcada por estrondos ou clamores, mas sim pela sutil e poderosa onda de inovação e renovação.

 

A narrativa começa nos corredores e laboratórios de escolas técnicas agrícolas espalhadas pelo vasto território nacional, onde o zumbido dos equipamentos modernos e o clique dos computadores são os novos sons da aprendizagem. Nestes espaços, jovens de olhos brilhantes e mentes ávidas absorvem o conhecimento que transcende gerações, preparando-se para serem os próximos guardiões de uma agricultura sustentável.

 

Eles, os jovens, são os pioneiros de uma era onde a tecnologia se funde com a terra, onde drones sobrevoam os campos, mapeando, monitorando e otimizando cada centímetro do solo para garantir uma produção mais eficiente e sustentável. São os arquitetos de um futuro onde a agricultura de precisão, a biotecnologia e as práticas agroecológicas coexistem harmoniosamente, alimentando não apenas corpos, mas também esperanças e sonhos.

 

No entanto, a jornada destes jovens inovadores rurais não é desprovida de desafios. Ainda enfrentam barreiras - acesso limitado a recursos, a persistência de estereótipos de gênero, e a necessidade de políticas públicas e privadas mais assertivas que reconheçam e valorizem seu potencial transformador. Mas, impulsionados por uma inabalável resiliência e pelo desejo de criar um futuro mais promissor para suas comunidades, eles persistem. Apoiados, é certo, por um grupo de instituições e políticas.

 

Organizações como o SENAR, empresas estaduais de assistência técnica e várias empresas privadas desempenham papéis importantes, fornecendo a esses jovens as ferramentas necessárias para florescer - desde conhecimento técnico até redes de contato que abrem portas para oportunidades inimagináveis.

 

Mas o que realmente marcará essa revolução silenciosa será o crescente reconhecimento da importância de políticas inovadoras, que reconheçam e apoiem o papel dos jovens na agricultura. Isto inclui investimentos em educação e formação técnica, acessibilidade a tecnologias avançadas, incentivos financeiros para startups rurais e a implementação de infraestrutura que facilite o acesso a mercados; essas são apenas algumas das ações necessárias para alimentar o espírito empreendedor dos jovens.

 

Por sua vez, a iniciativa privada poderá desempenhar um papel complementar, oferecendo mentorias, investimentos e parcerias que transformem ideias inovadoras em realidade. Programas de incubação e aceleração específicos para o agronegócio, por exemplo, podem ajudar jovens empreendedores a desenvolver soluções sustentáveis e tecnologicamente avançadas para os desafios do campo.

 

Além disso, a colaboração público-privada pode estimular a realização de maratonas tecnológicas agrícolas e agrohackathons, criando um espaço para que jovens talentos possam competir, colaborar e aprender uns com os outros. Essas iniciativas não só promovem a inovação, mas também incentivam a formação de uma comunidade de jovens agricultores motivados e bem conectados, capazes de liderar a agricultura brasileira em direção a um futuro mais sustentável e produtivo. Esta sinergia entre diferentes setores é a força motriz por trás da transformação do campo brasileiro, oferecendo aos jovens rurais as ferramentas e oportunidades para se tornarem protagonistas de mudança.

 

É fundamental deixar, firmemente posto, que essas políticas e ações devem ser inclusivas e levar em consideração as diversas realidades geográficas e econômicas do Brasil. A inovação no campo deve ser acessível a todos, independentemente de onde estejam localizados ou de seu background econômico, garantindo que a modernização da agricultura brasileira seja um processo coletivo e democrático.

 

Esta geração de jovens brasileiros, está redefinindo o que significa ser jovem e rural no Brasil, trazendo consigo a promessa de um amanhã mais verde, mais justo e mais próspero. Ao unir tradição e tecnologia,  estão não apenas cultivando a terra, mas também cultivando um novo futuro para a agricultura brasileira - um futuro que floresce com as cores vibrantes da inovação, da sustentabilidade e da inclusão.

 


[1] Engenheiro Agrônomo (UFCE), Especialista em Planejamento Agrícola (SUDAM / SEPLAN – Ministério da Agricultura), Doutor em Agronomia (ESALQ / USP), Pesquisador Sênior em Sistemas Agroflorestais (EMBRAPA – aposentado), Consultor em Sistemas Agroflorestais