Tentativa de perfeição
5h30 da manhã. Acordo. Abro a janela. Eis uma tentativa de perfeição, a tríade de quem não sabe o que fazer. Por que, antes de acordar, não consulto o celular, leio as mensagens de e-mails, ligo o micro-ondas?
Porque, só porque, ainda, não descobri a fórmula. Ou, então, porque é sábado, este dia estranho, simples, simpático, sagrado, profano, em que o sol nos aparece mais parecido com o que mais parecemos, ainda que.
Ei-lo aqui, por hora e enquanto, caloroso na medida certa, a evocar lembranças de manhãs preguiçosas e conversas amenas.
O sol, lá fora, derrama sorrisos de Vera Fischer. Parece analogia absurda, exagero evidente. Nunca vi pessoalmente o sorriso de Vera. Dizer que é radiante feito o do sol é concordar com absurdo, mas é isso que a televisão faz com a gente, quando se cresce ouvindo a comparação, influência das novelas de que a loira participava e era grande audiência.
Este sol, às 5h31 da manhã, preguiçoso e relutante em abandonar o conforto do horizonte, evocativo, que terá de Vera Fischer?
Vera foi Miss Brasil, o Sol é Miss Universo; a loira, segundo a Ciência, tem temperatura corporal entre 35 e 37 graus Celsius, o Sol pode chegar à média de 5778 kelvin; quanto à idade, Vera tem apenas 72 anos, o Sol, uma estrela estável, de meia-idade, 4.6 mil milhões de anos; embora nem todo o mundo veja, o brilho do sorriso do sol radia o tempo todo, o de Vera é esporádico e geralmente televisivo.
Agora, já são 8h30 da manhã deste sábado ensolarado e preguiçoso, mas este sorriso radiante ainda está aqui, me presenteando, e o de Vera Fischer, com sua ideia de perfeição, onde estará?
Estará ou esteve?