Algazarrazinha perfeita
O tempo resfriou consideravelmente nesses dois últimos dias por aqui, tem chovido bastante, o céu está nublado e nem sinal de sol, vai chover de novo daqui a pouco, o que encontro no quintal? Festa! Os Beija-flores e os Cambacicas fazem uma algazarrazinha tão gostosa que me faz ficar demoradamente parada observando e me sentindo feliz, vez por outra dois Bem-te-vis quebram a suavidade do momento, no oitão eles pousam, impondo os seus gritos, que eu amo, outro Bem-te-vi ao longe, muito longe (e que sei tão bem quem é ele!) responde, ele sempre responde e tudo isso é perfeito demais, em meu pequeno mundo eu me desligo de tantas coisas... uma florzinha nova ali, uma folhagem surge, as sementes do Amor-perfeito, que protegi do sol e da chuva, já deu certo, a folhagem já apareceu verdinha que dá gosto, as rúculas também já estão crescendo, dando vida a simplicidade do meu pequeno jardim.
Quem trabalha fora o dia todo, de segunda à sexta-feira, não dispõe de muito tempo para cuidar minuciosamente das coisas que gosta, então o final de semana é tudo o que há de melhor para os detalhes, o tempo se torna pouco para os afazeres... no começo aparecia só um Colibri (acho) de plumagem verde e um peito branco, de caldinha curta, ele vinha com seu canto baixo, discreto, e já alegrava os meus olhos, daí, foi aparecendo mais um outro igual, mais tarde veio um Sibite, mais dois Beija-flores grandes, que contra os raios de sol, a plumagem colorida, entre o rôxo, azul marinho, outra parte esverdeada, lilás, cor de rosa, mas, se muita sombra, fica bem escura toda a penugem, daqui a pouco eu já podia contar uns cinco do mesmo tamanho, mais quatro Cambacicas, e fui aumentando os bebedouros pendurados no quintal, e alguns escondidos por entre a folhagem no muro, e hoje em dia, que festa! Que festa linda que confusão entre eles, prazerosa para a minha alma.
E isso puxa a gente a perceber o instante onde mora a felicidade. Ela vem vestida das coisas mais puras e de uma beleza imcomparável! Depois, nesse mundo o que há na natureza, mais lindo do que a chuva, as flores e os passarinhos? Eu amo demais. Não posso ir para as serras, sempre, mas posso trazer um pedacinho bem pequeno dela, para dentro do meu quintal, onde posso assistí-los colhendo o nectar das flores, e se deliciando no líquido dos potinhos que cuidadosamente mantenho doce, para eles. O que eles não sabem é que isso me traz tanta vida!
O pé de maracujá, de folhagem saudável, já faz tempo que chama as borboletas, eu sabia que as borboletas sempre aparecem quando se planta maracujá, elas realmente sempre dão o ar de suas graça e beleza, ficam desfilando pelos ares, porém ainda nenhum fruto do maracujá nasceu. O meu cuidado maior é com a altura aonde todos bichinhos pousam, porque a Nina e a Gigi, não param de desejar alcançá-los, porém eles estão seguros, é no alto que eles fazem festa e daqui eu esqueço que já devia ter feito o meu café! Ah como é bom, poder escrever sobre este momento.
É isto, podemos dividir a nossa vida com eles, que já nem fogem quando eu estou por perto, porque eles reconhece o amor que existe em mim, por cada um deles. Quando eu digo sobre amar, as formas de amor, é a nossa alma quem dita. Para aprender a amar, é preciso antes de tudo, perdoar-se por tudo... deliciar-se com o que a vida lhe proporciona, não importa o tamanho do seu jardim, não importa se você mora só, o que está dentro de você, é importante, a felicidade está sempre ao seu alcance, basta querer sentí-la, ela vem, ah vem! E se não vier, qual é o problema, a melancolía, a nostalgia, não me incomoda, eu sou intensamente o que sou, quando sou. Outro dia me perguntaram porquê a minha poesia é triste, eu falei que a minha poesia é mesmo triste. Triste demais, e é nela, que minha alma descreve uma parte maior do mundo, mas sabe colher a parte melhor, gosto de ser eu mesma.