Meio-dia
Aproveitando o ar-condicionado da biblioteca e o conforto da cadeira ergonômica em frente a tela do PC,
lembro de um trecho de uma entrevista de Nelson Rodrigues na qual o conselho que ele deixa a juventude
é: “envelheçam”. Um grupo de pré-adolescentes entrou ruidosamente na sala e acabei perdendo o
raciocínio. Faz parte.
Não gostaria mais de escrever sobre o clima. Não vou entrar no mérito se se tem dedo humano na onda de
calor ou não, culpa do antropoceno ou coisa parecida. Deixo para os especialistas. Porém posso
argumentar que esse monte de concreto e a ditadura da ignorância ajudam a piorar. Meses atrás, perto de
casa, houve um acidente de trânsito. Uma motorista que atravessava a avenida de carro não viu uma
mulher que passava pela via de moto e os veículos se chocaram. A piloto caiu e se machucou, nada grave.
Olhei a cena por alguns instantes, o resgate chegou, perguntei à um vizinho o que tinha acontecido e coisa
e tal. Outro vizinho chegou e foi comentar com o primeiro sobre o ocorrido também, que em alto e bom
som comentou: “Culpa dessas árvores no canteiro central que atrapalham a visão, tem que cortar tudo e já
aproveitar e tirar essa grama pra alargar a avenida.” Claro, a culpa é das árvores...
De pato pra ganso, amanhã ocorre um encontro de filatelia e numismática aqui por perto. Só coleciono
camisas de futebol, mas vou fuçar as gavetas e ver se ainda tenho algumas notas e moedas antigas pra ver
se descolo um troco.
Até.