POR QUE ME ABSTIVE DE ENTRAR EM LIVRARIAS?
Respondo esta auto indagação e logo a respondo sem receio de me parecer ridículo, mas só pelo simples fato de não ficar aguçando o meu "paladar" mental, se posso usar esta expressão. Pois como sou um bibliófilo inveterado, desde os mais tenros anos da minha vida, sempre foi difícil passar por uma libraria e não olhar, olhar, comprar, comprar e assim por diante. Porém, com o disponibilidade atual de ler muitos livros bons através da internet, a minha ida a alguma livraria ficou muito restrita. Mesmo assim, por algumas circunstâncias passo por alguma, amiúde, procuro me abster de entrar somente para não como reza o ditado, "cutucar a onça com vara curta", ou seja, passar a vontade, principalmente nos tempos de vacas magras, isto é, o dinheiro curto. Mesmo cônscio desta prerrogativa, um dia deste, com o objetivo de tirar uma dúvida sobre o lançamento de um livro, adentrei numa bela livraria e fui direto conversar com a funcionária que me atendeu, como sempre, muito bem, sem aquele ímpeto insistente de vendedora de roupas que sempre falam "esta aqui fica ótima em você" ou então, "tal roupa é a sua cara" e outras baboseiras e mentiras inofensivas. Nesta ocasião eu estava com o meu livro e como aquela jovem me cativou imediatamente, ouvindo com atenção e bastante solícita, resolvi autografá-lo, entregando-o com muito prazer. A conversa estava tão boa que fiquei com receio de estar atrapalhando o serviço dela, o que ela me deixou sempre à vontade, pois a própria disse, ela estava me atendendo, afinal havia mais vendedores na loja. Bem, em síntese, o certo é que de lá saí sem comprar nada, mas com algo muito importante e comovente para mim: o sorriso cativante daquela pessoa ficou impregnado na minha mente e, de vez em quando, vem à tona e já planejo, logo que possível, fazer uma visita naquela livraria e agora com duplo motivo: comprar um livro e conversar mais um pouco com aquela funcionária que me atendeu tão bem e está na minha mente num modo muito especial e sadio.