Aos trancos e barrancos, um vaso com flores, e as pernas precisando de descanso. O mundo engole quase tudo que somos, perturba a fé, cansa o peito, mesmo assim seguimos, tiramos a poeira, varremos o chão, mudamos de roupa, abrimos as janelas, tomamos banho, escovamos os dentes, arrumados os travesseiros para os próximos sonhos, compomos recomeços e temperamos novas refeições.
Nossos meios, imperfeitos, com partcularidades caóticas nos ponteiros é como uma meditação acerca da própria vida.
Mas nada supera a paz, ainda que uma breve morada em segundos. Porém, o dia foi pesado, passei por um pássaro sentenciado no asfalto. Me embrulhou o estômago ver uma das suas asas chacoalhadas pelo vento entre tantos carros. Nada mais pude fazer. Meu peito parecia um quintal de espinhos. A vontade que tive foi a de voltar e resgatar entre o corredor de carros aquele pequeno corpo para um descanso digno em outro lugar. Não consegui. Me acovardei. Me arrependi. Me doeu mas não consegui. Me vi ali, da mesma maneira diante da minha própria covardia na alvorada do meu abandono para o qual eu nada contribuí. Morri um pouco com ele.
Sobrevivi mais um dia carregando o peso das minhas memórias, às vezes, caminho à distância de mim.