A PERGUNTA DO MILHÃO (BVIW)
Quando cursava o quarto ano primário, eu amava as avaliações diárias. Ao fim da aula, a professora queria saber se estávamos bem afiados na área dos conhecimentos gerais. Todos os dias, fazíamos um teste com dez perguntas, cada uma valendo um ponto. Eu perseguia a nota máxima — e merecia ganhá-la, estudava pra morrer. Era uma glória receber a folha avulsa corrigida à tinta azul, com um dez bem redondinho adoçado com os parabéns da mestra.
Certa vez, o teste de Ciências me derrubou. Eis que a última pergunta nos indagava: “De que se alimenta o Bicho-da-Seda?” Deu branco total. Nada lógico me ocorreu, e respondi: “De pedrinhas”. E a tolice que eu estava dizendo? É claro que o teste veio com um baita “nove” que me deixou inconsolável.
A parte boa daquela tristeza toda é que nunca mais me esqueci de que o ilustre senhor Bicho-da-Seda se alimenta das folhas da amoreira. Dia destes, assistindo a uma reportagem magnífica, sobre o assunto, meu pensamento voou para aquele fatídico teste e revivi toda a frustração da minha resposta errada. Mas se “É errando que se aprende”, eu aprendi, e bem! Resta agora me imaginar no “Show do Milhão”, com a pergunta decisiva: “De que se alimenta o Bicho-da-Seda?” Ter a chance de responder em alto e bom som: “Folhas da amoreira” seria triunfal. Sem brincadeira, seria a melhor vingança contra mim mesma.
Tema da Semana: Resposta Errada (crônica)