Sentimentos Artificiais
Numa época em que a inteligência artificial supera rapidamente nossas expectativas, para o bem e também para o mal, inclusive com a substituição do método tradicional de produção de textos, talvez muitos se perguntem:
- Para quê escrever? Bobagem, posso ganhar tempo e ainda fica muito melhor um texto produzido por um Chatbot.
Não por acaso, esse tema me inspirou a refletir sobre como cresce o número de pessoas que aderem aos aplicativos automáticos de produção de textos, para os mais variados fins. A intenção aqui não é apenas julgar ou menosprezar quem já faz disso um hábito, é apenas uma reflexão. Não vou mentir: salvo algumas exceções, sob o pretexto de ter algo rápido e prático para otimizar o tempo, há um quê de preguiça de pensar. Diria mais, quase um estelionato intelectual. Talvez a mais nova modalidade, depois do estelionato sentimental: aquele em que a pessoa simula ser algo que não é, para conquistar e seduzir suas vítimas.
Será o fim dos escritores? Sinceramente, acredito que não. E não se trata aqui de despeito ou temor de ser vista como inútil ou obsoleta.
Apesar de usar computador e celular a todo momento, mantenho agendas de papel, onde gosto e faço questão de escrever meus rascunhos. Amo a sensação concreta de ter a caneta deslizando no papel. Um fetiche blasè e ultrapassado? Para mim não. Segundo algumas pesquisas, também não. O ato de escrever usando papel e caneta até ativaria sinapses de forma mais eficaz que o ato de digitar. Não sou avessa às praticidades tecnológicas, apenas não concordo com a opção de viver apenas disso e substituir o que não é substituível: personalidade, alma.
Uma notícia divulgada no ano de 2022 dizia que, em dez anos, a I.A. poderá ter sentimentos. Porém, ao pesquisar o tema, descobri uma notícia ainda mais intrigante. A revista Exame, em uma publicação de 2023, descreve em sua noticia que o Chat GPT, ao ser acionado com um comando, "criou" um sentimento inédito, denominado Meldoria. O que descreveu como um sentimento completamente novo, que pode trazer a sensação de unidade e êxtase a todos os seres humanos vivos. Alias, salvo engano, já existem até mesmo simuladores de "terapeutas" programados com I.A. Mas, voltando à questão dos sentimentos.
Sentimentos de quem? Existiria algum mérito ou mesmo emoção em se relacionar por programação?
Na medida em que aumenta a busca pela Inteligência Artificial, parece diminuir a Inteligência Emocional. Há algo que ainda não é capaz de ser copiado pela inteligência artificial - a Alma. Isso, Elon Musk ainda não conseguiu. E acho bem pouco provável, por mais que tente. Certas criações são exclusivamente divinas, não são passíveis de cópias ou imitações. A espontaneidade do amor e a inspiração são algumas delas.