Samba e Pandemia
2021 O ano em que o Samba Parou
De Sara Negriti e Tadeu Kaçula
Recebi pelo Correio enviado por Sara Negriti (privilégio de ancião, idoso com mais de 75 anos). Hiper, super interessado, como se comportou o Samba quando o Mundo parou?
Comparar as experiências, perante o isolamento voluntário e depois compulsório durante a Pandemia. Minha companheira esposa, e eu tomamos medidas radicais, em vez de tomar sol pela janela em São Paulo, com duas mochilas, mudamos para a Baixada Santista.
Abandonei 57 anos de acolhimento em Sampa, cheguei no final de 1963, no dia 1o. de abril de 1964 começava a Ditadura Militar. Com 17 anos ia começar a ter a liberdade de maior. Fecharam tudo, todos os sonhos ruíram.
Nas 200 páginas do excelente livro, encontro ecos da minha experiência, uma multiplicidade de entrevistas, trabalho hercúleo e entusiasta dos jovens autores. As entrevistas com depoimentos de quem criança viveu, ou ouviu de seus pais e avós, traz recortes de realidades diferenciadas.
Um todo cuidado dos entrevistadores de não manipular, mas em momentos chaves, lançar perguntas às vezes reflexivas.
Quando vi o livro, com uma capa muito bem elaborada, questionei 200 páginas de conteúdo, quem nessa época de internet, lê um texto grande? Eu devorei, li, folheei (irei reler), de uma assentada.
Minha geração fazia isso, quando o assunto era empolgante. De forma leve, sem jargões acadêmicos, um texto, envolvente, conversa de pé de ouvido.
Nesses dias na internet, um texto com mais de 5 linhas, vem a expressão: "Lá vem textão!", vídeos acima de 3 minutos são desprezados. Um banho de boa leitura.
Vou reler com calma, há referências nos depoimentos (minha memória aos 77 anos não é mais a mesma), onde minha percepção de realidade tem de ser avaliada.
Vivi ou mantive contato com personagens citados: Seu Nenê de Vila Matilde, seu filho Betinho, Ciro Nascimento meu guru, Talismã, Geraldo Filme no Paulistano da Glória. Era lá a reunião da estudantada, saída da Dr. Vilanova e arredores onde os prédios das Faculdades que formariam o futuro Campus da USP que seria inaugurado, se uniam aos bambas da noite paulistana.
No Vai Vai, perto onde morava, conheci o lendário Pé Rachado, Chiclé, Raquel e Liberto Trindade.
Um Livro para ler e saborear cada história de vida. Parabéns e Obrigado Sara e Tadeu .