O DILEMA DA ÁGUIA

O DILEMA DA ÁGUIA

Nesta segunda feira, enquanto descansava de um exercício, para iniciar outro, na Academia de Ginástica, fui olhar o celular e apareceu um filme destes que surgem, toda a hora, sem que os tenhamos escolhido ver.

O filme mostrava dois homens e uma mulher, que abrindo uma grande gaiola, no cimo de uma montanha altíssima, soltaram dela uma águia majestosa e ficaram cuidando a reação ante a liberdade concedida.

A águia, saiu, em passos cuidadosos e se deparou, da altura em que estava, com o grande vale que lá embaixo existia e acima com o azul infinito dos céus.

Eu achei que ela ia sair e, imediatamente, voar para imensidão do espaço.

Me enganei, profundamente.

Ao sair da caixa em que estivera prisioneira, ela olhou as pessoas, e calmamente com passos vacilantes caminhou de um lado para o outro da borda do despenhadeiro como se estive a estudar a atitude a tomar.

Abriu as grandes asas e, sua cauda, se espalhou enorme, como um leque, transformando-a em uma figura móvel de singular harmonia e beleza.

Ficou caminhando, lateralmente, na beira do precipício e observando de maneira total o céu, o vale que se delineava abaixo e o espaço infinito que sua vista tinha à disposição.

Aqueles poucos minutos que durou a cena, me pareceram que foram horas e me encontrei no papel, e na vida daquela águia, com meus medos, com minhas dúvidas e com minha alma de ser humano, fiquei meditando sobre dilema que ela deveria estar vivendo ao ter que trocar a segurança, a manutenção da vida, a alimentação que tinha na prisão , pela cruel insegurança que a sua liberdade lhe traria.

Achei que ela não tinha certeza, de que conseguiria voar e era possível que suas asas não suportassem a força do vento e ela caísse, em alguma encosta, da montanha e fosse devorada por algum predador que sempre está a espreita de uma presa fácil e indefesa.

Desviei a visão para não ver mais aquele dilema terrível que se apresentava, sem que eu pedisse, à minha vida, ao meu coração e aos meus sentimentos.

No segundo seguinte, o vídeo explodiu em palmas dadas pelas três pessoas que participavam da Cena.

Voltei ao filme e vi, tomado de forte emoção, a águia alçar, rapidamente, um voo muito alto e se perder no horizonte atras dos cumes de outras montanhas vizinhas daquela que se encontrava, indecisa, segundos antes.

Foi impossível não pensar que nós, homens e mulheres nos encontramos, muitas vezes, em prisões físicas ou emocionais e deixamos de sonhar com o que poderemos fazer quando nos libertarem ou quando nós próprios nos libertarmos.

O voo, espetacular, daquela águia, rumo ao seu ao seu mundo, ao seu horizonte, aos seus ventos, as suas montanhas e aos seus vales, me disse que nada é mais importante que a nossa liberdade, que mesmo oferecendo riscos deve ser exercida, plenamente.

Com certeza, a nossa Liberdade nos conduzirá a paz, ao amor e ao encontro de nossos valores, de nossas maiores verdades e de nossas felicidades, ocultas nos vales e nas montanhas da vida de cada um de nós...

( Recanto da Ana Maria 11.03.24- Capão Novo)

ERNER MACHADO
Enviado por ERNER MACHADO em 11/03/2024
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