E se morre disso?

O diretor da escola postou no grupo de professores que a mãe de um aluno havia dado seu último suspiro. Alguns colegas comentaram e com a curiosidade de sempre, um deles, perguntou:

“ Morreu de quê?”

“Tinha úlcera”

Ele replicou:

“E se morre disso?”

Não disseram o motivo da partida, mas neste velho mundo onde de tudo se vê e ouve, morre-se de amor, por falta de amor, com amor. Morre-se de raiva, com raiva, por raiva. Morre-se com inveja, de inveja. Morre-se de trabalhar, sem trabalhar, pelo trabalho, com trabalho. Morre-se com fome, de fome, sem fome. Morre-se com saúde, pela falta, de saúde, sem saúde. Morre-se rindo, chorando, implorando. Morre-se matando, sobrevivendo. Morre-se nascendo, morre-se vivendo.

Neste país, caro leitor, morre-se de tudo. Até pelo efeito de uma pergunta como essa.

Clemilda Sousa
Enviado por Clemilda Sousa em 11/03/2024
Código do texto: T8017551
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