Sempre que penso no futuro, no que está por vir, não me refiro à realidade das pessoas, das coisas comum a todos, mas a mim mesmo, digo sempre, - Não sei!

E, quem sabe? Não há como saber. Podemos prever algo baseado numa história acontecida com várias pessoas, em vários setores, em tempos diferentes ou mesmo que tudo isso possa ter ocorrido comigo mesmo, com as devidas proporções, mas querer tirar daí uma lógica, uma regra, é fazer careta para deficiente visual. Eu mesmo não teria como prever o que está acontecendo comigo nos dias atuais por mais que me pusesse a imaginar coisas diferentes, estranhas, absurdas, ou, significativas, prósperas, felizes, porém, todas inimagináveis. A minha história, tudo o que fiz, não me deu a menor ideia do que estou vivendo hoje.

Simplesmente por que tais fatos não dão a mínima para o que desejamos que nos aconteça. Ou seja, a vida é imprevisível. Dirão alguns, mas podemos fazer escolhas que nos darão um norte, uma certeza (!) de que as coisas podem estar mais próximas daquilo que pretendamos.

Boas escolhas sempre são importantes, nos trazem resultados positivos e agregadores, porém, não garantem que nossas escolhas estejam imunes às escolhas alheias. Esquecemos do “se”. E, “se”…

Morei na praia por sete anos, literalmente em frente ao mar, conheci pessoas, no plural, que fizeram ótimas escolhas embasados em dados, em estatísticas, e até em previsões meteorológicas, porém, esquecerem que outras pessoas também fizeram as mesmas escolhas. Vi amigos entristecidos porque a casa dos sonhos, toda planejada e construída na mais perfeita sincronicidade com suas escolhas se tornarem verdadeiros pesadelos. Porque o “se”, deu ar da graça. "Se" o terreno ao lado não fosse comprado por uma construtora e não tivessem feito um prédio comercial eu teria a minha vista para o mar ainda hoje; "se" meu vizinho não construísse uma oficina mecânica eu não me incomodaria com tanto barulho e movimentação o dia todo; "se" meus filhos não tivessem preferido morar em outro estado, certamente minha casa estaria mais alegre juntamente com meus netos; e a mais comum, "se" o mar não tivesse avançado eu não teria que me mudar. Logo, boas escolhas não significam necessariamente uma vida tranquila e definitiva no quesito viver bem e sossegado. De sorte que não fiz escolha alguma para o que estou vivendo nos dias atuais. Sequer houve premeditação. Se houve alguma escolha, foram elas, as escolhas, que as escolheram.

Ou seja, a imprevisibilidade tornou tudo o mais.