O Hábito de Ignorar Mensagens do Trabalho
Chegou o sábado, dia do oásis semanal, promessa de repouso dos tormentos do trabalho. Uma ilha de tranquilidade onde, em teoria, o único compromisso é com o doce "fazer nada". Às dez da manhã, quando o mais árduo esforço deveria ser escolher entre degustar vinho ou cerveja, eis que surge, uma situação inconveniente.
Uma mensagem de Whatsapp, disparada diretamente do epicentro de afazeres laborais. Uma mãe tem uma dúvida sobre a atividade do filho. A pergunta não é urgente, mas o simples ato de sua existência num final de semana é um lembrete cruel: na nossa sociedade, o trabalho é um deus ciumento, sempre à espreita a nos incomodar.
O descanso do fim de semana não deve entrar em colisão com a expectativa de disponibilidade constante. Paro, resisto à tentação de abrir a mensagem. Decido não transformar meu precioso ócio em mais uma extensão da sala de aula. Opto por não ler a mãe até segunda-feira, quando o relógio marcar a hora oficial da vida protocolar.
E assim, decido continuar investindo no meu ócio criativo. Não vou sucumbir a alienação do trabalho que tenta colonizar até mesmo meus momentos de lazer. Eu vou ouvir a discografia do The Police, assistir algumas séries e passear durante o dia. Um tempo dedicado não às tensões do trabalho, mas à minha própria autoexpressão e bem-estar. Porque, no fim das contas, defender meu direito ao descanso é também um ato de criatividade, uma forma de contribuir para o meu próprio crescimento pessoal.
10.03.2024