JANELA DA ALMA.
Não sei exatamente sobre qual assunto falar essa semana, estou sem ideias, nenhum tema, vazio completo, murcho, sem inspiração. Porém, essa coisa de "inspiração", não se encaixa bem para quem trabalha com crônicas ou textos jornalísticos, isso, segundo o que dizem alguns amigos escritores. Para os poetas sim, é perfeitamente considerável. Embora existam aqueles escritores que não conseguem trabalhar se não houver "o mínimo" que seja de inspiração, antes e durante o ofício. Sinceramente, eu não sei em qual classe me encaixo, talvez, em determinados momentos eu transite pelos dois caminhos, e acreditem, seja qual for, não será fácil, a criação literária é trabalhosa, difícil e árdua, nada menos do que isso. Hoje é... Sei lá. Que dia é hoje? Talvez seja um dia qualquer, não quero me prender no dia em si. O meu desejo mesmo é colocar luz nos sentimentos escondidos no âmago dessa complexa alma, nos pensamentos mais distantes desse delirante cérebro... Pensando bem, nem tanto assim vai, seria um horror desenhar com palavras as insanidades existentes dentro do espectro do meu pensamento. No entanto, posso rabiscar qualquer coisa não tão comprometedora. Queiram me desculpar, eu não estou em meus melhores dias, é só isso que posso dizer. Também não é nada terrível, maléfico, horripilante, ou qualquer coisa do tipo. A questão toda está no psique desse humano que vos escreve, nos complexos assuntos da alma e do coração desse catador de palavras.
Para começar eu não estou conseguindo dormir. É até estranho, chega na hora exata de deitar, aparece aquele sono gostoso, o cansaço do dia chega junto, aquela abrição de boca, vou logo para a cama acreditando que o sono está do lado de fora da janela da alma, aí... Tolo engano, nada de dormir gostoso, basta deitar-me e pronto, as horas se arrastam pela madrugada enquanto esses olhos pairam arregalados fixos no teto escuro do quarto, logo os pensamentos tomam conta de tudo, o coração batendo descompassado, a alma depressiva sem nenhum motivo aparente. Tomar remédios está fora de cogitação, já o fiz em outros tempos e o resultado não foi satisfatório.
O meu escape é ler, tenho vários livros eletrônicos no celular, bendita tecnologia, facilitou muita coisa, bem utilizada é uma benção. Toda essa insônia e inquietação talvez explique tantos livros lidos até o presente momento, somando até esse fim de semana, vinte e dois títulos. Quando não estou lendo, escrevo. Inclusive, já tenho um livro de poesia pronto na gaveta e outro de contos. Por enquanto eles ficaram por
lá, em descanso, depois os releio, se os textos forem cabíveis, se tornaram livros. A verdade é que me encontro sem motivação para publicar, o que eu faço é produzir, de tudo um pouco.
Nos últimos tempos a minha vida transita por esses caminhos esquisitos, diferentes, dolorosos. Eu poderia falar de muitas outras coisas que passeiam aqui dentro dessa cachola de insanidades, a prudência me diz que é hora de parar por aqui, talvez em outro momento eu revele os segredos escondidos do lado de dentro da janela dessa alma atormentada e inquieta.